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Cristina Kirchner responderá a julgamento oral por acobertar terroristas

05/03/2018 17h19

Buenos Aires, 5 mar (EFE).- Um juiz da Argentina decidiu nesta segunda-feira levar a julgamento oral uma causa contra a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, pelo suposto acobertamento dos iranianos acusados de atacar uma associação judaica em 1994, aberta pela denúncia que foi apresentada em 2015 pelo promotor Alberto Nisman dias antes de aparecer morto.

Segundo informaram hoje fontes jurídicas, o magistrado federal Claudio Bonadio deu por encerrada a fase de instrução do expediente e colocará no banco dos réus, em data ainda por determinar, não só a ex-chefe de Estado, mas também seu ex-chanceler Héctor Timerman e outros 11 acusados, alguns deles já detidos em prisão preventiva.

Nisman, cuja morte segue sem ser esclarecida, era o promotor encarregado da investigação do atentado contra a associação mutual AMIA de Buenos Aires, que deixou 85 mortos, segue impune e é atribuído pela comunidade judaica ao Irã e ao grupo xiita Hezbollah.

O falecido promotor acreditava que um acordo assinado entre a Argentina e o Irã em 2013 para investigar conjuntamente o atentado, que nunca entrou em vigor, buscava, na realidade, encobrir os suspeitos do ataque, entre eles ex-funcionários públicos do país árabe, em troca de melhorar a relação comercial bilateral, algo que a ex-governante sempre negou.

Bonadio atribui a Cristina e a outros dos seus colaboradores processados crimes de "acobertamento agravado pelo fato precedente e pela sua condição de funcionários públicos, estorvo de um ato funcional e abuso de autoridade".

O juiz alega que esta "complexa manobra" requereu "canais paralelos e privados de comunicação e negociação", razão pela qual foi necessária a intervenção de um grupo de cidadãos "estreitamente vinculado" com funcionários e ex-funcionários dos governos que contribuíram, "na informalidade", com as ações necessárias para a concretização do plano.

Por esta causa, a ex-governante, que se considera vítima de uma perseguição judicial impulsionada pelo atual governo, já prestou depoimento como investigada no último dia 26 de outubro, e semanas depois, Bonadio pediu ao Senado que retire seus privilégios parlamentares para poder ser enviada à prisão preventiva, algo que, por enquanto, ainda não aconteceu.