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Em conferência na Espanha, Dilma diz que PT não retirará candidatura de Lula

22.mar.2018 - Lula e Dilma durante caravana do PT no Rio Grande do Sul - Paulo Uchôa/Leia Já Imagens/Estadão Conteúdo - Paulo Uchôa/Leia Já Imagens/Estadão Conteúdo
22.mar.2018 - Lula e Dilma durante caravana do PT no Rio Grande do Sul
Imagem: Paulo Uchôa/Leia Já Imagens/Estadão Conteúdo

Em Madri

10/04/2018 13h48

A ex-presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira que Lula é "inocente" e afirmou também que o Partido dos Trabalhadores (PT) lutará e chegará a "todas as instâncias jurídicas" para que ele possa ser candidato nas eleições presidenciais de outubro.

Em uma conferência na Casa da América de Madri, Dilma pediu "solidariedade internacional" para defender Lula, preso desde sábado após ser condenado em segunda instância a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro em um "processo distorcido", denunciou.

"Nosso candidato continua sendo Lula, é uma questão de justiça, é inocente, e se quiserem tirá-lo da corrida eleitoral, devem ser eles com os seus métodos", disse em alusão aos promoveram sua condenação e prisão.

Dilma vinculou seu impeachment em 2016, devido a irregularidades nas contas públicas, e o caso de Lula a um "golpe parlamentar e midiático" no Brasil, que teve o "apoio de corporações" do Poder Judiciário e motivado "interesses do mercado".

"Está preso (Lula), não tem voz, nós seremos sua voz e viajaremos pelo país, faremos uma grande mobilização, também exterior, e pedimos a solidariedade internacional", enfatizou.

"Não vamos desistir da sua candidatura, não vamos apresentar alternativas", afirmou Dilma.

A ex-presidente opinou que no Brasil há uma "distorção do papel do Poder Judiciário, que é muito grave porque nenhuma democracia subsiste sem justiça cega".

A petista acrescentou que foi usada a estratégia de "destruir" Lula de forma civil, quando este "não é um radical, mas um conciliador", e afirmou que a democracia no Brasil está "em risco".

Para ela, o país não sairá desta situação sem eleições, mas desde que sejam respeitados os resultados, ao mesmo tempo em que negou que exista um clima para um golpe militar no país.

A ex-presidente relatou como o PT ganhou quatro eleições consecutivas, "reduziu" as desigualdades sociais e fomentou relações exteriores brasileiras "independentes".

Mas após a última vitória eleitoral, houve uma "confabulação golpista" que queria "estancar a sangria" das investigações de corrupção durante seu governo.

"Tínhamos tirado o país da fome; e agora o Brasil é um pálido reflexo do passado recente", pois "todas as conquistas sociais foram destruídas".

"O objetivo era nos destruir e nos tirar do jogo político", explicou Dilma, mas Lula "não faz mais do que subir nas pesquisas, apesar da campanha para destrui-lo", algo que a ex-presidente chamou de "justiça do inimigo".

Convidada pela Cátedra de Estudos Ibero-Americanos da Universidade Carlos III e pela Casa da América, Dilma foi apresentada pelo ex-ministro de Justiça José Eduardo Cardozo e, enquanto discursava, foi interrompida por aplausos de parte da plateia e gritos de "Lula livre!".