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Quase 3 milhões de menores estão há 7 anos sem estudar com a guerra na Síria

23/04/2018 10h02

Beirute, 23 abr (EFE).- Pelo menos 2,8 milhões de menores não foram escolarizados nos sete anos de conflito na Síria, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), antes do início de uma conferência de apoio a este país em Bruxelas, que acontecerá amanhã.

O Unicef destacou em comunicado que desde 2011 alguns menores nunca foram ao colégio, enquanto outros interromperam sua educação durante todo este tempo, por isso será "extremamente difícil" colocarem os estudos em dia quando voltarem às salas de aula.

A nota ressaltou que frequentar a escola pode ser "questão de vida ou morte" devido à violência.

Mais de 300 colégios foram alvo de ataques, enquanto uma em cada três escolas na Síria ficaram completamente fora de funcionamento por terem sido destruídas, danificadas, usadas com propósitos militares ou para receber famílias de deslocados.

Segundo os dados do Unicef, 40% dos menores sem estudos têm entre 15 e 17 anos, e portanto correm o risco de serem recrutados para combater ou serem obrigado a se casar e trabalhar.

A agência da ONU explicou que estes problemas se estão se tornando prevalentes conforme as famílias recorrem cada vez mais a "medidas extremas de sobrevivência".

Apesar destas dificuldades, o Unicef afirmou que 4,9 milhões de menores continuam tendo acesso à educação dentro da Síria.

Nos países vizinhos, que acolhem refugiados, os governos estão sobrecarregados pelos quase dois milhões de menores sírios que têm que ser absorvidos por seus sistemas educacionais em meio a uma situação econômica instável, indicou a agência.

Dos menores que estão frequentando a escola tanto na Síria como nos Estados vizinhos, 90% assistem às aulas em colégios públicos e inclusive dividem as salas com as crianças desses países, como é o caso do Líbano e da Jordânia.

O diretor regional do Unicef para o Oriente Médio e o Norte da África, Geert Cappelaere, elogiou os esforços para ajudar as crianças e adolescentes sírios.

"O financiamento em massa dos doadores, a generosidade sem precedentes dos governos e comunidades de amparo, o trabalho implacável de professores heroicos e a determinação dos menores sírios e suas famílias ajudaram milhões de crianças sírias a conseguir educação", apontou Cappelaere.

No entanto, "como os líderes mundiais se reúnem em Bruxelas nesta semana para a Conferência de Apoio ao Futuro da Síria e da Região, fazemos a eles um pedido para que não abandonem as crianças e jovens que já passaram por muito", acrescentou.

Cappelaere lembrou que é necessário um financiamento "contínuo, flexível, incondicional e a longo prazo" no setor educacional para melhorar os sistemas já existentes e aumentar as alternativas na Síria e nos países que abrigam refugiados sírios da região.

Além disso, advertiu que "só com a generosidade não será possível dar fim à crise a Síria. A proteção e as necessidades dos menores deveria ser uma prioridade para os que tomam as decisões e para aqueles que lutam" no conflito.