Quênia proíbe filme de amor entre lésbicas que estreará em Cannes
Nairóbi, 27 abr (EFE).- O Conselho de Classificação de Filmes do Quênia (KFCB, na sigla em inglês) proibiu nesta sexta-feira o filme "Rafiki", que narra a história de amor entre duas lésbicas e que estreará no próximo mês no Festival de Cannes.
Em comunicado, o regulador, que monitora o conteúdo dos filmes para que os mesmos estejam de acordo com os valores nacionais, alegou que o longa-metragem está proibido "por sua temática homossexual e sua clara tentativa de promover o lesbianismo no Quênia, indo contra a lei".
O KFCB insistiu que o filme, o primeiro do Quênia que recebe um convite para ser exibido no Festival de Cannes, "contém cenas homossexuais que vão contra a lei, a cultura e os valores morais do povo queniano".
O Conselho advertiu que "qualquer exibição ou distribuição do citado filme, ou de parte dele, para consumo público" é uma transgressão da lei e, como consequência, acarretará em "punições severas".
A diretora do filme, Wanuri Kahiu, lamentou hoje a decisão do KFCB em seu perfil no Twitter.
"Nós acreditamos que os adultos quenianos são suficientemente exigentes e maduros para ver conteúdos locais, mas seu direito foi negado", ressaltou Kahiu.
"Rafiki", uma palavra que em swahili significa "amigo", conta a história de duas meninas, Kena e Ziki, que são boas amigas e acabam se apaixonando, uma circunstância socialmente não aceita que provoca tensão em sua relação.
O filme é uma adaptação da obra "Jambula Tree", da escritora ugandense Monica Arac de Nyeko, que lhe rendeu em 2007 o Prêmio Caine, concedido à melhor história curta original publicada em inglês por um escritor africano.
A homossexualidade é um tema tabu na África, onde homossexuais e lésbicas sofrem discriminação e perseguição.
No Quênia, as relações homossexuais são um crime punível com 14 anos de prisão.
Na semana passada, o presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, declarou em entrevista à emissora "CNN" que os direitos de lésbicas, gays, transexuais, bissexuais e intersexuais (LGTBI) é um tema "sem relevância" no país.
Kenyatta afirmou que "não se trata de uma questão de direitos humanos", mas de um tema cultural e que, segundo ele, a sociedade queniana rejeita.
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