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Pesquisa diz que "sim" ganharia referendo pró-aborto na Irlanda

25/05/2018 21h11

Dublin, 25 mai (EFE).- Os irlandeses aceitaram no referendo sobre o aborto realizado nesta sexta-feira a reforma da Constituição para afrouxar a legislação vigente, uma das mais rígidas e controversas da Europa no tema, informou uma pesquisa do jornal "Irish Times".

Feita com 4 mil pessoas, a pesquisa sugere que o "não" iria obter em torno de 32% dos votos e o "sim" teria 68%. Ou seja, venceria a proposta do governo do partido democrata-cristão Fine Gael, uma decisão que daria a possibilidade de encerrar a gravidez sem restrições durante as 12 primeiras semanas.

Pouco mais de 3 milhões de pessoas estavam convocadas hoje para decidir o futuro da atual lei, que só permite o aborto em casos excepcionais, como quando a vida da mãe corre risco - incluindo ameaça de suicídio -, mas não contempla casos de incesto, estupro ou má-formação do feto.

A apuração às 8h GMT (5h em Brasília) de amanhã e os primeiros resultados devem ser divulgados ao meio-dia. A definição está prevista para o fim da tarde de sábado.

O "Irish Times" destacou que a pesquisa tem uma margem de erro de "mais ou menos 1,5%", por isso fala-se em um "triunfo arrasador" e "grande vitória" do "sim".

O governo pediu aos eleitores que se pronunciem sobre a eliminação da chamada "Oitava emenda", incluída na Constituição em 1983, e que garante da mesma maneira o direito à vida do "não nascido" e da mãe. De acordo com esta disposição, a lei promulgada em 2013 pelo Executivo, a primeira na história da Irlanda, só permite a interrupção da gravidez em circunstâncias atípicas.

Caso a "Oitava emenda" desapareça, o governo, no poder desde 2011, redigirá uma nova legislação que poderia permitir o aborto em todas as situações durante as 12 primeiras semanas de gravidez e, em alguns casos, até as 24 semanas.

Os partidários favoráveis ao "sim" sustentam que a lei não funciona, porque todos os anos milhares de gestantes da Irlanda viajam ao exterior para abortar, já que o país prevê penas de até 14 anos de prisão para mulheres e profissionais da saúde que procurem ou que aceitam fazer o procedimento fora das atuais regras. Os grupos contrários e a Igreja Católica, por sua vez, entendem que a reforma abrirá a porta aos chamados "aborto sob demanda" e defendem o "direito constitucional à vida" de qualquer ser.