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Governo de Cottarelli não tem apoio necessário para obter confiança na Itália

28/05/2018 10h29

Roma, 28 mai (EFE).- O governo que o presidente da Itália, Sergio Mattarella, encarregou nesta segunda-feira ao economista Carlo Cottarelli nasce praticamente sem futuro, já que não tem os votos necessários para conseguir a confiança em nenhuma das Câmaras do parlamento.

O economista de 64 anos, ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), já havia dito durante sua apresentação à imprensa hoje que, "se não conseguir a confiança do parlamento, o governo renunciará imediatamente e seguirá apenas para as funções urgentes, até as eleições que serão convocadas a partir de agosto".

No país, já se fala de eleições em meados de setembro ou no início de outubro, o tempo que levaria para dissolver o parlamento e respeitar o período de campanha eleitoral.

O problema será o que fazer com a lei eleitoral, já que, caso não haja uma modificação na mesma, existe um risco muito grande de que os resultados fragmentados que não permitiram formar uma maioria no último pleito voltem a se repetir.

A Itália chegou a tal situação depois que Mattarella rejeitou assinar ontem a lista de ministros do governo de coalizão entre a Liga Norte, de extrema-direita, e o antissistema Movimento Cinco Estrelas (M5S), devido à presença do eurocético e crítico do euro, Paolo Savona, de 81 anos, como ministro da Economia.

A Liga, que eliminou o "Norte" de seu símbolo para a campanha eleitoral, e o M5S já anunciaram que não darão seu voto de confiança ao Executivo de Cottarelli.

Ambos os partidos têm maioria na Câmara dos Deputados e no Senado, mas também anunciaram que não votarão em favor do "governo do presidente", como está sendo chamado o Executivo de Cottarelli, o Forza Italia, de Silvio Berlusconi, e o Fratelli d'Italia, de Giorgia Meloni.

Os únicos que manifestaram apoio a Cottarelli são os progressistas do Partido Democrata (PD).

Para os analistas, Mattarella sabe perfeitamente que será muito difícil que o governo de Cottarelli receba o voto de confiança do parlamento, mas é uma decisão que permitirá que o país se encaminhe para novas eleições de maneira controlada.