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Libertação de missionário americano prova que ele era preso político, diz ONG

28/05/2018 15h40

Caracas, 28 mai (EFE).- O diretor da ONG venezuelana Fórum Penal, Gonzalo Himiob, afirmou nesta segunda-feira que a forma como o americano Joshua Holt e a mulher dele, Thamara Holt, foram soltos este fim de semana "confirma" que os motivos pelos quais estavam presos "não eram jurídicos, mas sim políticos".

"Quando alguém é solto por ordem do presidente (Nicolás Maduro), você também está confirmando, confessando, que as razões para mantê-lo preso não eram legais, mas sim políticas", disse Himiob em entrevista à emissora de rádio "Circuito Éxitos".

Para o advogado, a libertação do casal Holt é "evidentemente" uma demonstração clara de que eles não estavam presos por razões jurídicas válidas.

"Eram basicamente uma espécie de reféns mantidos para, de alguma maneira, forçar ou tentar forçar o governo dos Estados Unidos a tomar ou deixar de tomar certas decisões", acrescentou.

No sábado, o governo venezuelano anunciou a libertação do casal, detido há cerca de dois anos, "em prol do diálogo" com os Estados Unidos, afirmou o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez. A informação sobre a libertação foi antecipada pelo presidente americano, Donald Trump, que disse no Twitter que receberia o casal na Casa Branca naquela tarde, como aconteceu.

O chefe do Executivo da Venezuela, depois de se reunir nas últimas semanas com senadores americanos que solicitaram medidas para que o rapaz fosse solto, ativou as recomendações perante os organismos correspondentes e que o Tribunal Superior de Justiça deu como válidas.

Joshua Holt foi à Venezuela em junho de 2016 para se casar com a venezuelana Thamara e foi detido duas semanas depois da celebração após uma inspeção na qual as autoridades disseram ter encontrado rifles, munição, uma granada e mapas detalhados de Caracas.

Desde então ficou na sede dos Serviços Bolivarianos de Inteligência (Sebin), onde na semana passada houve um motim que ativou novamente as reivindicações de diplomatas americanos em Caracas. Importantes funcionários do governo venezuelano acusaram Holt de ser um "espião". Segundo as autoridades americanas, Holt estava preso, apesar de não ter acusações formais contra ele.

Estados Unidos e Venezuela vivem desde a vitória da revolução bolivariana, em 1999, uma relação de altos e baixos que passa nas últimas semanas por um dos seus momentos mais delicados, já que o Executivo em Washington não reconhece a vitória governista na eleição presidencial de 20 de maio, considerada como "fraude".