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Cuba e EUA retomam serviço de correio postal direto de forma permanente

Este é mais um passo do processo de normalização das relações entre os dois países, iniciado em 2014 pelos então presidentes Barack Obama e Raúl Castro - Andrew Harnik/AP
Este é mais um passo do processo de normalização das relações entre os dois países, iniciado em 2014 pelos então presidentes Barack Obama e Raúl Castro Imagem: Andrew Harnik/AP

Em Havana

01/06/2018 12h08

O serviço direto de correio postal entre Cuba e Estados Unidos, que ficou interrompido durante décadas e era realizado através de outros países, foi retomado de forma estável uma vez que foi finalizado o plano piloto de quase dois anos, informou nesta sexta-feira uma fonte oficial.

O Grupo Empresarial Correios de Cuba e o Serviço Postal dos EUA "chegaram a um acordo para implementar de forma permanente, em voos diretos, o intercâmbio de correio postal entre os dois países", diz uma nota do serviço postal cubano difundida pela estatal "Agência Cubana de Notícias".

Este é mais um passo no agora quase paralisado processo de normalização das relações entre a ilha e seu vizinho do norte, iniciado em 2014 pelos então presidentes Barack Obama e Raúl Castro, e que incluiu a reabertura mútua de embaixadas e o restabelecimento dos voos diretos, entre outros objetivos.

"A execução do serviço em seu formato atual começou em 16 de abril de 2018 e leva em conta os requerimentos técnicos, operacionais e de segurança identificados pelas partes durante a execução do Plano Piloto", diz a nota dos Correios de Cuba.

O restabelecimento do serviço permitirá realizar envios postais em voos diretos entre a ilha e os EUA de correspondências, encomendas postais e mensagens expressas, através das agências dos correios em ambos os países, segundo o comunicado.

O serviço postal entre os dois países foi suspenso em 1968 depois da explosão de uma bomba proveniente de Nova York em um carregamento postal. Desde então, e durante 48 anos, a ligação postal entre os dois países passou a ser feita através de uma terceira nação.

As negociações para regularizar o serviço direto começaram em 2009, ficaram interrompidas e foram retomadas em 2013, mas foi apenas no fim de 2015 que a Comissão Bilateral para a Normalização das Relações Cuba-EUA assinou um acordo para restabelecer os envios através de um plano piloto de transporte.

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Em 16 de março do 2016, na véspera da histórica visita de Barack Obama a Havana, aterrissou em Cuba procedente de Miami o voo inaugural do restabelecido serviço de correio postal direto entre os dois países, operado pela companhia IBC Airways.

Naquele dia, um inspetor de segurança postal do serviço dos correios dos EUA entregou ao presidente do Grupo Empresarial Correios de Cuba, Asencio Valerino, a carta que retomava o intercâmbio postal entre os dois países.

No entanto, em outubro do ano passado, a Correios de Cuba informou que o serviço direto com os EUA estava interrompido por quase sete meses e que, mais uma vez, foi necessário recorrer aos envios através de terceiros países, o que provocou uma queda de 46% no trânsito postal entre os dois países em comparação com 2016.

A vice-presidente da empresa cubana, Zoraya Bravo, explicou na época que a troca foi paralisada porque o plano de testes estava próximo a expirar e, a partir de então, começaram as gestões para regularizar o intercâmbio postal através de companhias aéreas comerciais.

Segundo Bravo, em outubro do 2017 a parte cubana ainda não tinha recebido uma resposta de Washington sobre a data para o restabelecimento definitivo.

Com o reatamento do serviço, os dois países esperam uma maior agilidade nos tempos de trânsito e entrega de correspondência e pacotes, e também acreditam que haverá uma melhora na segurança.

Trata-se de um serviço de especial importância devido ao tamanho da diáspora cubana nos EUA, especialmente no estado da Flórida.

Durante décadas, os cubanos recorreram aos serviços de empresas que operam à margem da legalidade para os envios entre os dois países, frequentemente através de pessoas que transportam os malotes e correspondências em sua bagagem, conhecidos como "mulas".

Diante dos problemas de escassez e desabastecimento que o país caribenho sofre, são frequentes os envios de produtos básicos, roupas e remédios, entre outros, por familiares que residem nos EUA, além de pessoas que viajam para o país vizinho para comprar bens que depois são revendidos na ilha.

Em abril deste ano, a Alfândega cubana alertou sobre o crime de introduzir "drogas, armas e material subversivo" em pacotes transportados por "mulas" e recomendou aos passageiros que "se abstenham de fazer parte da cadeia de importação ilegal de mercadorias que as agências não autorizadas promovem com interesse comercial e de enriquecimento".