Topo

Relatório aponta que mundo tem atualmente cerca de 68,5 milhões de deslocados

19/06/2018 04h03

Genebra, 19 jun (EFE).- O número total de pessoas no mundo deslocadas necessariamente por conta dos conflitos armados, crise, violência generalizada ou perseguição aumentou em 2017 a relação a 2016 em 2,9 milhões, até os 68,5 milhões, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

"Este número é o resultado de guerras prolongadas, a falta de solução para as crises que ainda continuam, a pressão contínua sobre civis em países com conflitos que os obrigam a deixar seus lares e de crises novas ou agravadas como a dos rohingyas ou a que passa a Venezuela", disse em entrevista coletiva, o alto comissário da ONU para os refugiados, o italiano Filippo Grandi.

Ele afirmou que, como em anos anteriores, 85% desses 68,5 milhões de pessoas deslocadas à força estão em países em desenvolvimento ou de renda média, o que teoricamente "deveria dissipar a percepção tão dominante em muitos países que a crise de refugiados é uma do mundo rico".

O "Relatório Mundial sobre Tendências em Deslocamento Forçado" revela que dos 68,5 milhões de pessoas deslocadas à força no mundo, 25,4 milhões são refugiados, 40 milhões de deslocados internos e 3,1 milhões de solicitantes de asilo.

No ano passado, cerca de 16,2 milhões de pessoas foram deslocadas pela primeira vez, incluindo 11,8 milhões de deslocados dentro das fronteiras do seu próprio país e 4,4 milhões refugiados e solicitantes de asilo.

Segundo o ACNUR, uma média de 44.400 pessoas se transformaram em novos deslocados a cada dia.

Ao mesmo tempo, no entanto, muitas outras pessoas retornaram para seus países ou áreas de origem para tentar reconstruir suas vidas, incluindo 4,2 milhões de deslocados internos e pelo menos 667.400 refugiados.

No ano passado, 2,7 milhões de pessoas foram registradas como novos refugiados, duas vezes mais do que um ano antes, principalmente sul-sudaneses, sírios, rohingyas, centro-africanos, congoleses, burundineses, eritreus, sudaneses, nigerianos, malineses e somalis.

Por outro lado, havia 1,9 milhão de solicitações de asilo no ano passado, menos que os 2,2 milhões do ano anterior.

Os Estados Unidos foram pela primeira vez o primeiro país receptor de novos pedidos de asilo, com 331.700, na frente da Alemanha (198.300) e Itália (126.500).

Segundo Grandi, 70% dos deslocados forçados vêm de apenas dez países, o que "significa que, se houvesse soluções para os conflitos naquelas nações, o número global poderia começar a cair, mas não vimos nenhum sinal de progresso na hora de forjar a paz em nenhum destes dez estados".

Tal como nos anos anteriores, a Síria continuou a ser o país com mais deslocados à força do mundo, com 12,6 milhões no final de 2017, dos quais 6,3 milhões eram refugiados, 146.700 solicitantes de asilo e 6,2 milhões deslocados internos.

A Colômbia tinha a segunda maior população de deslocados com 7,9 milhões de vítimas do conflito que durou mais de 50 anos, dos quais 7,7 milhões foram deslocados internamente.

O país sul-americano é seguido pela República Democrática do Congo (RDC), que está imerso em um frágil processo de paz e conta com vários frentes abertas que causaram milhares de mortes e provocou o deslocamento forçado de 5,1 milhões de congoleses, 4,4 milhões deles internamente.

Os afegãos (4,8 milhões), sul-sudaneses (4,4 milhões), iraquianos (3,8 milhões), somalis (3,2 milhões), sudaneses (2,7 milhões), iemenitas (2,1 milhões), nigerianos (2 milhões) e ucranianos (2 milhões) são aqueles que completam a lista de dez países com maior número de deslocados à força.

De acordo com Grandi, o principal "ponto quente" em 2017 foi Bangladesh, que acolhe quase 1 milhão de refugiados rohingyas depois que o ano passado fugissem do estado de Rakhine, 655.500 pessoas dessa minoria muçulmana, a maioria em apenas cem dias uma nova onda de violência.

Entre as crises de destaques de 2017, o alto comissário da ONU também inclui a "deterioração das condições na Venezuela", país que abandonou nos últimos anos mais de 1,5 milhão de cidadãos.

Em 2017, os venezuelanos enviaram 111.600 solicitações de asilo no mundo, número que está apenas atrás dos afegãos, sírios e iraquianos e que é mais de três vezes superiores aos 34.200 pedidos registrados em 2016 e quase 11 vezes o observado em 2015.

Além disso, no ano passado 345.600 venezuelanos foram registrados na categoria de "outros grupos de interesse", ou seja, não são deslocados à força, mas necessitam mesmo assim de proteção e assistência.