Turquia realiza neste domingo eleições-chave para seu futuro
Ilya U. Topper.
Istambul, 22 jun (EFE).- As eleições presidenciais e legislativas que a Turquia realizará neste domingo são, provavelmente, as mais importantes para o país neste século, já que, além de decidir o mapa político para os próximos cinco anos, propõem a escolha entre dois modelos de Estado muito diferentes.
Isso é o que promete o atual presidente, Recep Tayyip Erdogan, cujo partido, Justiça e Desenvolvimento (AKP), governa o país desde 2002: se ganhar, remodelará profundamente o sistema para criar uma "nova Turquia".
No mesmo dia serão eleitos os 600 deputados do parlamento e, em cédula separada, o presidente do país.
Neste novo sistema, esboçado pela reforma constitucional do ano passado, mas ainda não plenamente em vigor, desaparecerá a figura do primeiro-ministro e o presidente concentrará todo o poder em suas mãos, sem o controle apenas do parlamento.
A oposição, por sua vez, prometeu desfazer as mudanças constitucionais e recuperar o papel do parlamento como centro do Poder Legislativo e determinante para formar o Executivo.
As eleições, previstas para novembro de 2019, foram antecipadas por uma decisão surpresa de Erdogan em abril, e a campanha eleitoral se concentra sobretudo na figura do presidente: ou com ele ou contra ele.
As pesquisas indicam que Edorgan teria aproximadamente 50% dos votos, e o AKP, que se apresenta em coalizão com o direitista Movimento de Ação Nacionalista (MHP), teria 40%, mas provavelmente não alcançará a maioria absoluta.
Se o presidente não superar a metade dos votos, terá que enfrentar no dia 8 de julho seu adversário mais próximo, que provavelmente será o social-democrata Muharrem Ince, candidato do Partido Republicano do Povo (CHP), que aparece nas pesquisas com intenções de votos de entre 20% e 30%, assim como o CHP.
Em terceiro lugar aparece o Partido IYI, separado do MHP no ano passado e dirigido por Meral Aksener, ex-ministra do Interior, a quem as pesquisas dão entre 10% e 20% dos votos.
A entrada de Meral em cena representou uma reviravolta no estagnado panorama ideológico, já que a candidata deve tirar uma grande parcela dos votos de centro-direita da aliança AKP-MHP, e este pode ser um dos motivos pelos quais Erdogan decidiu realizar as eleições quase um ano e meio antes do previsto.
Embora Ince e Aksener tenham apresentado candidaturas separadas, seus partidos formaram, junto ao minúsculo Saadet, islamita, a coalizão Millet (Nação), que segundo as pesquisas terá praticamente a mesma porcentagem da Cumhur (Público), a aliança entre AKP e MHP.
Fora dos dois lados rivais está o esquerdista Partido Democrático dos Povos (HDP), conhecido por sua defesa dos direitos da população curda, que muito provavelmente conseguirá superar os 10%.
O candidato do HDP, Selahattin Demirtas, até ano passado copresidente do partido, faz campanha no presídio de segurança máxima de Edirne, onde está detido desde novembro de 2016 provisoriamente por supostos vínculos com a guerrilha curda PKK.
O HDP anunciou que em um hipotético segundo turno das presidenciais daria seu apoio ao candidato que enfrentar Erdogan, seja Ince ou Meral, motivo pelo qual uma derrota do atual presidente em 8 de julho é um cenário possível.
Se Erdogan ganhar, provavelmente terá pela frente um parlamento dominado pela oposição, algo que pode dificultar seu governo, mas não bloqueá-lo.
Desde a reforma constitucional de 2017, o plenário praticamente não tem prerrogativas para interferir no trabalho do Executivo, composto pelo presidente e a equipe que este escolher.
Enquanto Erdogan pede votos para poder governar "sem restrições" e devolver à Turquia a grandeza da época otomana, a oposição alerta para o perigo do "regime de um homem só" e se reúne em torno de um objetivo único: conter Erdogan.
Istambul, 22 jun (EFE).- As eleições presidenciais e legislativas que a Turquia realizará neste domingo são, provavelmente, as mais importantes para o país neste século, já que, além de decidir o mapa político para os próximos cinco anos, propõem a escolha entre dois modelos de Estado muito diferentes.
Isso é o que promete o atual presidente, Recep Tayyip Erdogan, cujo partido, Justiça e Desenvolvimento (AKP), governa o país desde 2002: se ganhar, remodelará profundamente o sistema para criar uma "nova Turquia".
No mesmo dia serão eleitos os 600 deputados do parlamento e, em cédula separada, o presidente do país.
Neste novo sistema, esboçado pela reforma constitucional do ano passado, mas ainda não plenamente em vigor, desaparecerá a figura do primeiro-ministro e o presidente concentrará todo o poder em suas mãos, sem o controle apenas do parlamento.
A oposição, por sua vez, prometeu desfazer as mudanças constitucionais e recuperar o papel do parlamento como centro do Poder Legislativo e determinante para formar o Executivo.
As eleições, previstas para novembro de 2019, foram antecipadas por uma decisão surpresa de Erdogan em abril, e a campanha eleitoral se concentra sobretudo na figura do presidente: ou com ele ou contra ele.
As pesquisas indicam que Edorgan teria aproximadamente 50% dos votos, e o AKP, que se apresenta em coalizão com o direitista Movimento de Ação Nacionalista (MHP), teria 40%, mas provavelmente não alcançará a maioria absoluta.
Se o presidente não superar a metade dos votos, terá que enfrentar no dia 8 de julho seu adversário mais próximo, que provavelmente será o social-democrata Muharrem Ince, candidato do Partido Republicano do Povo (CHP), que aparece nas pesquisas com intenções de votos de entre 20% e 30%, assim como o CHP.
Em terceiro lugar aparece o Partido IYI, separado do MHP no ano passado e dirigido por Meral Aksener, ex-ministra do Interior, a quem as pesquisas dão entre 10% e 20% dos votos.
A entrada de Meral em cena representou uma reviravolta no estagnado panorama ideológico, já que a candidata deve tirar uma grande parcela dos votos de centro-direita da aliança AKP-MHP, e este pode ser um dos motivos pelos quais Erdogan decidiu realizar as eleições quase um ano e meio antes do previsto.
Embora Ince e Aksener tenham apresentado candidaturas separadas, seus partidos formaram, junto ao minúsculo Saadet, islamita, a coalizão Millet (Nação), que segundo as pesquisas terá praticamente a mesma porcentagem da Cumhur (Público), a aliança entre AKP e MHP.
Fora dos dois lados rivais está o esquerdista Partido Democrático dos Povos (HDP), conhecido por sua defesa dos direitos da população curda, que muito provavelmente conseguirá superar os 10%.
O candidato do HDP, Selahattin Demirtas, até ano passado copresidente do partido, faz campanha no presídio de segurança máxima de Edirne, onde está detido desde novembro de 2016 provisoriamente por supostos vínculos com a guerrilha curda PKK.
O HDP anunciou que em um hipotético segundo turno das presidenciais daria seu apoio ao candidato que enfrentar Erdogan, seja Ince ou Meral, motivo pelo qual uma derrota do atual presidente em 8 de julho é um cenário possível.
Se Erdogan ganhar, provavelmente terá pela frente um parlamento dominado pela oposição, algo que pode dificultar seu governo, mas não bloqueá-lo.
Desde a reforma constitucional de 2017, o plenário praticamente não tem prerrogativas para interferir no trabalho do Executivo, composto pelo presidente e a equipe que este escolher.
Enquanto Erdogan pede votos para poder governar "sem restrições" e devolver à Turquia a grandeza da época otomana, a oposição alerta para o perigo do "regime de um homem só" e se reúne em torno de um objetivo único: conter Erdogan.
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