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Governo turco critica observadores eleitorais estrangeiros

23/06/2018 16h46

Istambul, 23 jun (EFE).- O governo da Turquia, acusado de exercer grandes pressões sobre os partidos opositores durante a campanha para as eleições, criticou neste sábado os observadores internacionais que inspecionarão o pleito.

"Observadores estrangeiros, venham e acompanhem as eleições corretamente. Não caiam na política. Estão se comportando como porta-vozes de estruturas políticas marginais", disse hoje o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, em declarações transmitidas pelo canal "CNNTürk".

Em uma reportagem, a agência semioficial turca "Anadolu" acusou neste sábado a missão de observação desdobrada pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) de ter um plano para semear o caos com acusações de fraude.

Além disso, a agência afirma que alguns dos observadores internacionais apoiam o "terrorismo".

Na última quinta-feira, as autoridades detiveram dois deputados para a missão da OSCE em sua chegada à Turquia e os proibiu de entrar no país.

Fontes diplomáticas informaram à Agência Efe que o governo turco não permitiu que funcionários de embaixadas acompanhassem membros da OSCE, como fizeram em algumas ocasiões anteriores, para facilitar seu trabalho durante as eleições.

Estes ataques contra analistas internacionais ocorrem na reta final de uma campanha marcada por pressões e perseguição à oposição pelo partido islamita AKP, do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

Amparadas pelo estado de emergência vigente desde a tentativa de golpe de Estado, em julho de 2016, as autoridades cancelaram eventos de campanha de alguns partidos alegando motivos de "segurança".

A organização de direitos humanos turca IHD contabilizou 127 intervenções policiais durante eventos eleitorais, das quais 125 foram contra opositores, assim como 376 detenções de políticos, 361 deles filiados ao partido pró-curdo esquerdista HDP.

Além disso, o governo proibiu 21 comícios de forças políticas da oposição.

A filial do HDP em Bingöl, província do leste da Turquia, denunciou ontem a detenção de vários membros do partido que iriam observar mesas eleitorais.