Topo

Estrategista ambicioso, Anaya tem campanha marcada por denúncias de corrupção

28/06/2018 14h50

Martí Quintana.

Cidade do México, 28 jun (EFE).- Jovem, preparado e bem-sucedido são algumas das qualidades atribuídas a Ricardo Anaya, o candidato à presidência do México pelo Partido Ação Nacional (PAN), com uma fulgurante carreira política que pode ser abalada por acusações de corrupção.

Porta-bandeira de uma variada aliança eleitoral entre o esquerdista Partido da Revolução Democrática (PRD), o Movimento Cidadão (MC) e o conservador PAN, o mais jovem dos candidatos, 39 anos, é o principal rival do esquerdista Andrés Manuel López Obrador.

Mas, apesar da força inicial, Anaya parece estancado nas pesquisas e muito longe do líder do Movimento Regeneração Nacional (Morena).

De acordo com uma pesquisa realizada com mais de 13 mil pessoas pela Confederação Patronal da República Mexicana (Coparmex) e divulgada em 12 de junho, Obrador alcançaria mais do que o dobro de votos que Anaya com 39,5% frente a 18,6%.

Em terceiro lugar, com 12,1% das preferências eleitorais, estaria o candidato do governista Partido Revolucionário Institucional (PRI), José Antonio Meade.

Natural do estado de Querétaro, Anaya (25 de fevereiro de 1979) é filho de um engenheiro químico e de uma arquiteta, estudou Direito na Universidade Autônoma de Querétaro, é mestre pela Universidade do Vale do México e doutor pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).

Começou sua carreira política no ano 2000 como candidato a deputado por seu estado, cargo que não ocupou, e foi secretário de governo em Querétaro de 2003 a 2009.

Em 2009 se tornou deputado do Congresso e deixou o cargo para se unir ao gabinete do presidente Felipe Calderón (2006-2012) como subsecretário de Planejamento Turístico da Secretaria de Turismo.

Em 2012 obteve uma cadeira na Câmara de Deputados, a qual liderou de setembro de 2013 a março de 2014, saltando à primeira linha da esfera pública e tornando-se em um dos impulsores das reformas estruturais propostas pelo presidente Enrique Peña Nieto.

Em setembro de 2014 Anaya tomou a presidência do PAN, na qual se orgulha de ter sido o responsável por ter levado o partido a ganhar vários estados nos pleitos de 2016.

No entanto, sua trepidante ascensão política não esteve isenta de críticas. Frequentemente Anaya é definido como um homem frio e calculista. Na imprensa, alguns articulistas o tacham de traidor, citando partido e amigos, como fruto de uma ambição desmedida.

Seus opositores consideram que enfraqueceu o PAN, o que levou a disputas internas e a que importantes dirigentes como a ex-primeira-dama Margarita Zavala, esposa de Calderón, deixasse o partido e buscasse sua própria candidatura à presidência, da qual depois desistiu.

Hábil nos debates presidenciais e com uma fina oratória, o maior empecilho de Anaya foram as duras acusações de corrupção.

O candidato do PAN está sendo investigado pela Procuradoria Geral do México por suposta lavagem de dinheiro, em um caso que muitos analistas atribuem a um uso partidário e político das instituições de Justiça por parte do PRI.

Além disso, foi vazado um vídeo no qual um empresário de Querétaro revela um suposto financiamento ilegal da campanha de Anaya e tráfico de influência, algo que o candidato sempre negou.

Contra isso, Anaya assegura que lutará contra a corrupção, que processará o presidente Peña Nieto, e denuncia que entre o Morena e o PRI já há um "pacto de impunidade", embora essas acusações não parecem ter causado nenhum prejuízo.

Para Anaya, o término da campanha presidencial em caso de derrota, como indicam as pesquisas, pode significar o final de sua carreira política, já que se encontraria em uma posição muito frágil pelo grande número de inimigos - dentro e fora do partido - que acumulou.