Pais denunciam que autoridades alegam suicídio em morte de bebê na Nicarágua
Manágua, 28 jun (EFE).- Os pais de um bebê de 14 meses que morreu durante um tiroteio na Nicarágua denunciaram nesta quinta-feira que as autoridades do Hospital Alemão Nicaraguense atribuíram a morte do menor a uma "suspeita de suicídio", e acusaram um grupo de policiais e homens encapuzados como os autores dos disparos.
"Esta certidão, que diz que a causa de morte é suspeita de suicídio, me foi entregue no hospital, é a original, não sou eu que estou dizendo, uma médica entregou nas minhas mãos", disse a mãe do bebê, Karina Navarrete.
A criança, cuja morte é uma das 285 contabilizadas na crise sociopolítica da Nicarágua, morreu no sábado passado em consequência de um disparo na cabeça, quando as "forças combinadas" do governo, compostas por policiais e civis armados, realizaram ataques com armas de guerra em diversos bairros do leste da capital Manágua.
A denúncia sobre a certidão que fala em "suspeita de suicídio" foi apresentada pelos pais do bebê no Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (CENIDH).
Segundo o pai do menor, Nelson Lorío, no momento em que eles deixariam o bebê e sua irmã de sete anos na casa dos avôs paternos, não havia confrontos, mas muitos policiais e homens encapuzados juntos.
"Havia forte presença de policiais e parapoliciais, nós quatro avançamos, é mentira que houve enfrentamento, nessa rua só estávamos nós e claramente disparam contra nós", explicou.
Nesta semana o governo divulgou um novo documento no qual afirma que a morte do bebê se deveu a causas desconhecidas, uma versão que os pais rejeitaram.
"Agora diz ela (a médica que lhe entregou a certidão) que foi uma morte na qual não existe clareza, mas se vê que é um disparo e os vídeos estão aí", reforçou Lorío.
"Os sinais indicam que este caso vai ser tratado como os demais, nós não conhecemos nenhum policial ou parapolicial sentado no banco dos réus", advertiu o advogado do CENIDH, Juan Carlos Arce.
Os pais do menor afirmaram que até agora nenhum investigador da polícia lhes perguntou sobre o caso, tampouco algum representante do Ministério Público.
De qualquer forma, Arce descartou que o suicídio possa ser a causa de morte de um bebê, ou que a razão seja desconhecida.
"Isso é aberrante, absurdo, grosseiro, claro que existe clareza, (mas) temos um Estado confabulado para promover impunidade nestes casos", lamentou.
Tanto a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) como o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OACNUDH) responsabilizaram o governo nicaraguense por graves violações aos direitos humanos.
As violações incluem "assassinatos, execuções extrajudiciais, maus tratos, possíveis atos de tortura e detenções arbitrárias cometidas contra a população majoritariamente jovem do país", segundo um relatório da CIDH, que foi rejeitado pelo governo da Nicarágua.
A Nicarágua está há mais de dois meses submersa na crise mais sangrenta desde a década dos anos 1980, também sob a presidência de Ortega.
Os protestos contra Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram contra fracassadas reformas da seguridade social e se transformaram em um movimento que pede a renúncia do presidente, depois de 11 anos no poder, em meio a acusações de abuso e corrupção.
"Esta certidão, que diz que a causa de morte é suspeita de suicídio, me foi entregue no hospital, é a original, não sou eu que estou dizendo, uma médica entregou nas minhas mãos", disse a mãe do bebê, Karina Navarrete.
A criança, cuja morte é uma das 285 contabilizadas na crise sociopolítica da Nicarágua, morreu no sábado passado em consequência de um disparo na cabeça, quando as "forças combinadas" do governo, compostas por policiais e civis armados, realizaram ataques com armas de guerra em diversos bairros do leste da capital Manágua.
A denúncia sobre a certidão que fala em "suspeita de suicídio" foi apresentada pelos pais do bebê no Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (CENIDH).
Segundo o pai do menor, Nelson Lorío, no momento em que eles deixariam o bebê e sua irmã de sete anos na casa dos avôs paternos, não havia confrontos, mas muitos policiais e homens encapuzados juntos.
"Havia forte presença de policiais e parapoliciais, nós quatro avançamos, é mentira que houve enfrentamento, nessa rua só estávamos nós e claramente disparam contra nós", explicou.
Nesta semana o governo divulgou um novo documento no qual afirma que a morte do bebê se deveu a causas desconhecidas, uma versão que os pais rejeitaram.
"Agora diz ela (a médica que lhe entregou a certidão) que foi uma morte na qual não existe clareza, mas se vê que é um disparo e os vídeos estão aí", reforçou Lorío.
"Os sinais indicam que este caso vai ser tratado como os demais, nós não conhecemos nenhum policial ou parapolicial sentado no banco dos réus", advertiu o advogado do CENIDH, Juan Carlos Arce.
Os pais do menor afirmaram que até agora nenhum investigador da polícia lhes perguntou sobre o caso, tampouco algum representante do Ministério Público.
De qualquer forma, Arce descartou que o suicídio possa ser a causa de morte de um bebê, ou que a razão seja desconhecida.
"Isso é aberrante, absurdo, grosseiro, claro que existe clareza, (mas) temos um Estado confabulado para promover impunidade nestes casos", lamentou.
Tanto a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) como o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OACNUDH) responsabilizaram o governo nicaraguense por graves violações aos direitos humanos.
As violações incluem "assassinatos, execuções extrajudiciais, maus tratos, possíveis atos de tortura e detenções arbitrárias cometidas contra a população majoritariamente jovem do país", segundo um relatório da CIDH, que foi rejeitado pelo governo da Nicarágua.
A Nicarágua está há mais de dois meses submersa na crise mais sangrenta desde a década dos anos 1980, também sob a presidência de Ortega.
Os protestos contra Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram contra fracassadas reformas da seguridade social e se transformaram em um movimento que pede a renúncia do presidente, depois de 11 anos no poder, em meio a acusações de abuso e corrupção.
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