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Ruanda envia missão de "boinas azuis" com maioria de mulheres ao Sudão do Sul

28/06/2018 11h12

Kigali, 28 jun (EFE).- Ruanda desdobrou um contingente de policiais, formado por mais mulheres do que homens, para se unir aos "boinas azuis" da ONU no Sudão do Sul, informou nesta quinta-feira a polícia ruandesa.

O grupo, que passará um ano no Sudão do Sul, é formado por 160 pessoas, das quais 85 são mulheres, e é liderado por uma oficial, Teddy Ruyenzi, o que representa um marco no país.

"Ser um contingente majoritariamente feminino fala da aposta pela paridade do nosso país. E mostra que o nosso Governo acredita em nós e que podemos ser melhores em igualdade. Não devemos nos sentirmos inferiores por sermos mulheres", disse Ruyenzi no aeroporto internacional de Kigali antes de partir ontem para o Sudão do Sul.

O objetivo, afirmou, será defender os grupos mais vulneráveis no conflito, sobretudo mulheres e crianças.

"As mulheres e as meninas normalmente se abrem e falam mais com outras mulheres", ressaltou Ruyenzi, que insistiu que estão melhor preparadas para ajudar estes grupos a se recuperarem do trauma da violência.

Em 2009, o então secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, lançou uma campanha para aumentar o número de mulheres nos "boinas azuis" em 20% nas unidades policiais e 10% nas militares para 2014.

No entanto, estes objetivos não foram cumpridos e, além disso, seguem ocerrendo denúncias de violações sexuais de "boinas azuis" a mulheres e meninas no conflito.

No final de abril, a Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS) anunciou que iria abrir uma investigação por um possível caso de abusos sexuais a menores em uma base dos "boinas azuis", no que seria o segundo escândalo sexual registrado neste país nos últimos dois meses.

"Em países em conflito são cometidas muitas injustiças contra mulheres e crianças, portanto este desdobramento é parte do compromisso de Ruanda de assegurar a paz internacional e a igualdade de gênero", afirmou o subinspetor da Polícia ruandesa, Juvenal Marizamunda.

Ruanda, que começou a fazer contribuições aos "boinas azuis" em 2015, tem 1.120 soldados, entre homens e mulheres, em missões de paz na República Centro-Africana, no Sudão do Sul e no Haiti.

A aposta pela igualdade de gênero em Ruanda também se estende ao campo político, onde as cotas no poder legislativo fizeram com que esta nação africana tenha o Parlamento mais paritário do mundo, com mais mulheres do que homens no plenário.

No Executivo, Ruanda tem um gabinete formado por mais ministras do que ministros, assim como uma pasta encarregada exclusivamente a assuntos de gênero e família.