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Há 35 anos no cargo, presidente de Camarões anuncia que tentará reeleição

13/07/2018 07h43

Yaoundé, 13 jul (EFE).- O presidente de Camarões, Paul Biya, no cargo desde 1982, anunciou nesta sexta-feira que concorrerá nas próximas eleições presidenciais, previstas para 7 de outubro, dissipando assim os rumores que apontavam para um possível substituto do veterano líder, de 85 anos.

O anúncio foi publicado em sua conta do Twitter em mensagens em inglês e francês. "Consciente dos desafios aos quais devemos enfrentar juntos, para assegurar Camarões mais unido, estável e próspero, estou disposto a responder positivamente chamada surpreendente de vocês".

"Me apresentarei como o candidato nas próximas eleições presidenciais", reitera o líder do governante Movimento Democrático do Povo de Camarões (RDPC).

Biya não é o presidente há tempo no cargo no mundo - o título é ostentado pelo líder da vizinha Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, no cargo desde 1979 -, embora previamente tenha dirigido o país durante sete anos, entre 1975 e 1982, mas como primeiro-ministro.

Em outubro só serão realizadas eleições presidenciais, já que no início de mês, a Assembleia Nacional (Parlamento) aprovou uma lei proposta pelo Governo para adiar por um ano, até outubro de 2019, as eleições parlamentares e municipais pela dificuldade de realizar três votações no mesmo dia.

O eterno rival de Biya e histórico líder do principal partido opositor camaronês Frente Democrática Social (FDS), John Fru Ndi, que já concorreu três vezes às eleições presidenciais, anunciou em fevereiro que não será candidato desta vez e dará espaço "às juventudes do partido".

Os camaroneses irão às urnas em um momento de tensão no país, que suporta a violência do conflito separatista que acontece nas duas regiões ocidentais anglófonas de Camarões.

A crise anglófona começou em 2016, mas desde o final do ano passado, o conflito se agravou com o aparição de grupos separatistas armados como as Forças de Defesa da Ambazonia e a dura repressão do Exército.

Camarões foi colônia britânica e francesa até 1960, quando se independentizou de ambas potências e instaurou um Estado federal até a realização de um referendo em 1972, que o unificou.

Desde então, o inglês e o francês são idiomas co-oficiais e convivem junto a cerca de 250 línguas locais.

No entanto, a minoria anglófona se queixa da marginalização em relação à maioria francófona em matéria de distribuição de riqueza e que o inglês é considerado uma língua secundária, por isso que reivindicam voltar ao federalismo ou querem a independência de suas regiões.

O Governo camaronês se mostra inato diante destas reivindicações e inclusive se nega a debatê-las em órgãos legislativos, o que provocou fortes queixas da oposição e uma radicalização dos independentistas

O país também sofre no extremo norte com o grupo jihadista nigeriano Boko Haram, que já matou no país, desde 2014, cerca de 2 mil pessoas e sequestrou aproximadamente mil, segundo dados do centro de pensamento International Crisis Group (ICG).