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Operação contra civis deixa 10 mortos e dezenas de feridos na Nicarágua

15/07/2018 21h03

(Atualiza número de mortos).

Manágua, 15 jul (EFE).- A chamada "Operação Limpeza", ordenada pelo governo da Nicarágua para atacar civis que bloqueiam estradas, deixou pelo menos dez mortos e dezenas de feridos em cinco cidades neste domingo, segundo denunciou a Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH).

"Há seis mortos em Masaya, dois em Diriá e dois em Catarina", informou à Agência Efe o secretário-executivo da ANPDH, Álvaro Leiva.

No bairro de Camilo Ortega, em Masaya, os confrontos deixaram seis vítimas mortais, quatro deles policiais, afirmou o ativista. A Polícia Nacional da Nicarágua ainda não confirmou as mortes.

No município de Diria, no departamento de Granada, as chamadas "forças combinadas" do governo, integradas por policiais e paramilitares, tiraram Almer Morales e Allan Morales (pai e filho) à força de suas casas e os executaram, afirmou o ativista.

Em Catarina, uma das vítimas é uma menina de 10 anos que levou um tiro no abdômen e morreu por falta de atendimento médico.

Leiva disse que há "múltiplos" feridos, entre eles dois em estado grave: uma menina em Catarina que recebeu um tiro no abdômen, e uma criança de 13 anos de Masaya.

Além disso, denunciou que a polícia e os paramilitares tomaram à força o centro hospitalar departamental de Masaya e negam o atendimento às vítimas. A cidade também está sitiada, por isso não existe um "canal humanitário de evacuação" para transferir os feridos a Manágua, que fica a 28 quilômetros de distância.

Segundo o ativista, as "forças combinadas", depois de "neutralizarem" com armas os manifestantes das barricadas, realizam um plano de caça em residências à procura de opositores.

Um grupo do Mecanismo de Acompanhamento para a Nicarágua (Meseni) da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) segue neste momento para Masaya "para conseguir soluções pacíficas e proteger a população", informou o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, pelo Twitter.

O governo acusou de exercer terrorismo, criar insegurança e agir com violência "qualquer um que se propuser a alterar pelas vias de fato" a ordem jurídica e constitucional por meio dos bloqueios de estradas, onde ocorreu "violência, tortura e sequestro".

Por isso, o governo executa a chamada "Operação Limpeza", que consiste em remover os bloqueios com pás mecânicas, caminhões e trabalhadores do Estado, sob o resguardo das "forças combinadas".

Com pelo menos 351 mortes em quase três meses, segundo dados de organizações humanitárias, a Nicarágua vive sua crise política mais sangrenta desde a década de 1980.

Os protestos contra o presidente Daniel Ortega começaram em 18 de abril, por fracassadas reformas na Previdência Social. A população pede a renúncia do governante, que está há 11 anos no poder e acumula acusações de abuso de poder e corrupção.