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Moscou e Kiev iniciam contatos para novo acordo sobre fluxo de gás à UE

17/07/2018 12h40

Berlim, 17 jul (EFE).- Rússia e Ucrânia iniciaram nesta terça-feira em Berlim, com a mediação da Comissão Europeia (CE) e do governo alemão, as negociações para firmar um novo acordo sobre o fluxo de gás russo através do território ucraniano para o mercado europeu a partir de 2020.

As conversas são especialmente complicadas pelos diferentes interesses das partes no âmbito energético e pelo conflito no leste da Ucrânia entre o exército de Kiev e os separatistas pró-Rússia, apoiados por Moscou.

O vice-presidente da CE e responsável pela União Energética, Maros Sefcovic, afirmou em entrevista coletiva que o objetivo das negociações é conseguir "operações de passagem" pela Ucrânia com um "volume substancial" de gás que sejam "comercialmente viáveis", além de "totalmente compatíveis com a regulação europeia".

Sefcovic reconheceu que estas conversas são "muito complexas" e "difíceis" e o tempo passa "rapidamente" (porque o atual contrato termina no final de 2019), mas considerou que é possível alcançar um acordo que beneficie Rússia, Ucrânia e UE.

"Podemos conseguir um acordo no melhor dos interesses para todos os participantes. A Rússia quer ser um fornecedor confiável, a Ucrânia quer ser um país de passagem confiável e a UE quer receber gás de forma estável", explicou.

A negociação para um acordo 2020-2030 para substituir o assinado para a atual década tem em seu núcleo a questão do volume de gás e o preço estipulado, além dos impostos que a Ucrânia receberá por isso, fundamentais para a economia do país.

O ministro da Economia da Alemanha, Peter Altmaier, se mostrou satisfeito com a "atmosfera construtiva" e disse que a primeira reunião foi um "passo adiante".

"Não temos segurança sobre o resultado das negociações", reconheceu Altmaier, que acrescentou que "vale a pena" tentar chegar a um acordo.

"Somente a insegurança (de fornecimento de gás) já teria repercussão negativa na Europa", advertiu.

Um acordo no âmbito energético, acrescentou, também poderia "dinamizar" o processo de Minsk, em referência ao acordo firmado em 2015 entre Moscou e Kiev, com a mediação de Berlim e Paris, para pacificar o leste da Ucrânia (e que está há dois anos estagnado devido à falta de envolvimento das duas partes).

O governo alemão está interessado nesta questão por outro motivo, pelo qual recebeu muitas críticas nas últimas semanas, incluídas as feitas recentemente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A construção do gasoduto Nord Stream 2, que conectará diretamente a Rússia com a Alemanha e fornecerá diretamente à primeira economia europeia parte das suas necessidades energéticas, pode prejudicar financeiramente Kiev, que deixaria de perceber investimentos via impostos de passagem.