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Coletivo LGTBI cubano vê "oportunidade única" em reforma constitucional

21/07/2018 20h31

Havana, 21 jul.- Membros do coletivo LGTBI em Cuba veem como "uma oportunidade única" as reformas constitucionais, que começaram a ser debatidas neste sábado no parlamento da ilha, que proíbem a discriminação por identidade de gênero e abrem a porta aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

"É um momento feliz, um momento em que se reconhece a igualdade, em que derrubam fronteiras e estereótipos, em que se reconhece o ser humano como ser humano e não com rótulos, um momento em que se garante segurança jurídica e social para todos", disse à Agência Efe José Ernesto González.

Para González, jornalista e membro da comunidade LGTBI, a atualização da Constituição vigente, que data de 1976, permite "pôr Cuba em uma cadeira superior em matéria jurídica não só na região, mas em nível global".

A modificação do conceito de casamento na Carta Magna, de "união voluntária entre um homem e uma mulher" para "união entre duas pessoas", significaria um enorme passo de avanço na conservadora ilha, onde até poucas décadas atrás os homossexuais eram considerados uma "praga social".

Esta proposta, apresentada este sábado diante do plenário da Assembleia Nacional junto a outras mudanças como o reconhecimento da propriedade privada, será submetida a uma consulta popular onde os ativistas consideram "necessário" o trabalho de conscientização do restante da sociedade.

"Não se pode desperdiçar o momento para fazer ativismo, levantar a moral, fomentar a unidade, pôr o nosso debate na boca da maioria. (...) É uma oportunidade única", escreveu Raúl Regueiro no grupo público "Construindo uma agenda da diversidade sexual em Cuba" no Facebook.

Apesar de Cuba permanecer como um dos países mais desconectados do mundo, esta rede social se transformou em uma ativa plataforma para os defensores de uma "família cubana inclusiva" e um meio para organizar-se e coordenar ações.

Também serviu para socializar reivindicações que incluem também a garantia do acesso dos casais homossexuais à adoção e à reprodução assistida, de graça no país caribenho.

"Uau, realmente vamos continuar entrando no século 21", exclamou em declarações à Efe a design cubana Idania del Río, membro ativo da comunidade gay e cofundadora da marca de moda Clandestina.

"Estamos todos muito contentes, Cuba é um país no qual há esperança de futuro, está se transformando em um país moderno, uma sociedade mais avançada e isso será para as crianças, para a gente que venha depois, vai ser algo que vai lhes facilitar muita a vida", opinou.