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Novo procurador do Peru admite corrupção na entidade, mas diz ser "manejável"

22/07/2018 15h03

Lima, 22 jul (EFE).- O novo procurador-geral do Peru, Pedro Chávarry, admitiu que existe corrupção no órgão, mas ressaltou que esta "é manejável" e que o principal problema do Ministério Público é de "organização".

"Há corrupção, mas é manejável. Todos sabemos. Isso, sim, posso conduzir, porque trabalhei em controle interno. Conheço onde habita a corrupção com maus elementos", garantiu Chávarry em entrevista publicada neste domingo pelo jornal "El Comercio".

O procurador, que assumiu o cargo na sexta-feira em cerimônia muito questionada e na qual não estava o presidente do Peru, Martín Vizcarra, considerou que o principal problema do Ministério Público é de "organização".

Chávarry, que aparece em um áudio com um magistrado investigado por suposta corrupção, negou qualquer vínculo com atos ilícitos e disse que vai "colocar muita vontade, muita força, muita legalidade em todo trabalho".

Ao jurar ao cargo na sexta-feira passada, assegurou que combaterá a "criminalidade de colarinho branco" e fará "os corretivos necessários" nas investigações de "casos emblemáticos", que implicam altas autoridades e políticos.

Chávarry substituiu Pablo Sánchez depois que sua escolha foi ratificada pela Junta de Promotores Supremos apesar do pedido de autoridades, partidos políticos e organismos civis para que seja postergada devido ao grave escândalo de corrupção que assola o Judiciário peruano.

O escândalo foi revelado na semana passada, com a publicação de uma série de escutas telefônicas que revelaram uma ampla rede de tráfico de influência, suborno e prevaricação nas mais altas instâncias do Judiciário, que inclui magistrados, empresários e políticos.

Um dos envolvidos é o suspenso juiz do Supremo, César Hinostroza, que se ofereceu para absolver o estuprador de uma menor de 11 anos e coordena reuniões com uma "senhora K" da "força número um", codinome que poderia ser uma referência à deputada Keiko Fujimori.

Outro áudio divulgado na quinta-feira comprometeu Chávarry com o juiz Hinostroza, a quem pediu que o ajudasse a remover a um integrante da Academia da Magistratura que lhe incomodava.

Por sua parte, Hinostroza solicitou ao então procurador-geral adjunto que o ajudasse a obter uma constância de não ter antecedentes judiciais para apresentar na embaixada dos EUA a fim de obter um visto, já que antes tinha sido investigado por suposto enriquecimento ilícito e lavagem de ativos, segundo ele mesmo comentou na conversa.

Após a divulgação do diálogo, Chávarry declarou ao "Canal N" de televisão que não havia "nada irregular" nessa conversa porque se tratou de um pedido feito por "um cidadão.