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Tunísia mantém silêncio perante pedido de evacuar grávidas do "Sarost 5"

25/07/2018 09h14

Túnis, 25 jul (EFE).- O Crescente Vermelho denunciou nesta quarta-feira o silêncio das autoridades tunisianas perante o pedido de evacuar com urgência, por risco de aborto, duas mulheres grávidas que esperam para atracar há 9 dias junto a outros 38 imigrantes resgatados pelo "Sarost 5" diante do porto de Zarzis (sul).

"Pedimos uma autorização para evacuar, mas não respondem. Os ginecologistas dizem que não podem fazer nada mais do que comprovar o estado de saúde das mulheres", explicou à Agência Efe Mongi Slim, membro do comitê regional de Médedine do Crescente Vermelho tunisiana.

"O capitão decidiu acabar com a 'greve de contato' e é uma boa notícia", disse em alusão à decisão do padrão de rejeitar qualquer ajuda do exterior para pressionar as autoridades, antes de acrescentar que hoje serão enviados "três médicos e dois enfermeiros, além do fornecimento de kits de limpeza e tratamento contra sarna para alguns imigrantes".

"No entanto, o que mais preocupa é o silêncio das autoridades", assegurou o médico.

O ex-presidente tunisiano Moncef Marzouiki lançou na terça-feira uma mensagem ao Governo através das redes sociais para reivindicar o "resgate" imediato do "Sarost 5".

"Peço ao Governo tunisiano que acolha estas pessoas imediatamente. Peço ao Governo que contribua para o resgate de todos os refugiados no mar. O que diriam os senhores se a Marinha italiana, francesa ou espanhola rejeitassem o resgate de um navio com imigrantes tunisianos?, perguntou o ex-mandatário.

Em 14 de julho, a plataforma marítima petrolífera Miskar, da companhia British Gaz, localizou em águas internacionais uma embarcação à deriva após partir do litoral líbio para tentar atravessar o Mediterrâneo.

A embarcação de abastecimento cuidou do resgate e partiu para Sfax - a 75 milhas - seguindo as ordens das autoridades tunisianas, mas uma vez chegada ao porto, foi enviada a Zarzis - a 76 milhas de distância - e finalmente rejeitada à espera de "indicações".

Segundo o Crescente Vermelho tunisiano, os resgatados têm entre 17 e 36 anos, entre os quais estão duas mulheres grávidas, e são originários do Egito, Bangladesh, Camarões, Senegal, Guiné, Costa do Marfim, Serra Leoa e Ambazonia (região independentista de Camarões).

Segundo várias ONGs locais, que lançaram uma chamada para que o governo acolha o barco, a Tunísia teme se transformar em "porto seguro", o que sentaria um precedente e poderia consolidar a iniciativa europeia de criar "plataformas regionais de desembarque" fora do território comunitário para classificar os imigrantes.

Nem o escritório do primeiro-ministro e nem os ministérios de Defesa, Interior e Transportes respondem desde na quinta-feira às perguntas da Agência Efe sobre o assunto, ao considerar que não faz parte de suas competências.