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Homens armados intimidam funcionários de grupo midiático na Nicarágua

26/07/2018 15h02

Manágua, 26 jul (EFE).- Um grupo de encapuzados armados intimidou os funcionários da empresa ND Medios, um dos grupos midiáticos mais importantes da Nicarágua, informou nesta quinta-feira o jornal "El Nuevo Diario", em meio a uma crise que já deixou entre 295 e 351 mortos em protestos contra o presidente Daniel Ortega.

"Elementos encapuzados e armados pararam diante das instalações da empresa de comunicação ND Medios, que publica os jornais El Nuevo Diario, Metro e Q'hubo, para projetar sobre o edifício um vídeo com propaganda contra os protestos que qualificam de terrorismo", denunciou o grupo.

Uma testemunha contou que viu quando os homens encapuzados apontaram suas armas para o edifício.

"Os trabalhadores que ainda permaneciam dentro das instalações da empresa tiveram que desalojar o local por uma saída de emergência", detalhou o jornal.

A fonte indicou que minutos depois do incidente, os veículos de imprensa do Governo publicaram nas suas redes sociais que o grupo era composto por "habitantes que andam reivindicando justiça".

"A direção nesta empresa jornalística considera que este é um ato de intimidação, que atenta contra a liberdade de imprensa, por isso que nesta quinta-feira será denunciado diante da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP)", ressaltou.

Os encapuzados já tinham realizado uma agressão similar em uma filial do Banco da Produção (Banpro), na noite de terça-feira, o que também foi informado minutos depois por veículos de imprensa do Governo nicaraguense.

Desde a explosão social de 18 de abril, diversos veículos de imprensa foram atacados por pessoas desconhecidas, o que tirou a vida do jornalista Ángel Gahona, que recebeu um disparo enquanto transmitia ao vivo uma manobra policial na cidade de Bluefields, no litoral o Caribe da Nicarágua.

Tanta a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) responsabilizaram o Governo de Ortega por "assassinatos, execuções extrajudiciais, maus tratos, possíveis atos de tortura e detenções arbitrárias cometidas contra a população majoritariamente jovem do país.

O Governo da Nicarágua negou todos os fatos.