Topo

Ortega critica criação de Grupo de Trabalho da OEA sobre crise na Nicarágua

14/08/2018 01h59

Manágua, 14 ago (EFE).- O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, criticou, na segunda-feira, a criação do Grupo de Trabalho para o país, criado pelo Conselho Permanente da OEA, que procura apoiar o diálogo nacional e contribuir na busca de soluções à crise que vive o país, a mais sangrenta desde a década de 1980.

Durante um discurso em ocasião do 38º aniversário da Força Naval, o líder afirmou aos países que promoveram esse Grupo de Trabalho de ter assumido "uma política intervencionista" contra seu governo.

A criação do Grupo de Trabalho foi aprovada no último dia 2, por meio de uma resolução, endossada por 20 dos 34 países que são membros ativos da OEA.

O Grupo é integrado pela Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Guiana, México, Panamá e Peru, e tem como objetivo colaborar no processo de diálogo nacional na Nicarágua e articular medidas de apoio, acompanhamento e verificação.

De acordo com Ortega, esses "governos deveriam primeiro checar suas casas, pois têm tantos problemas, tantos crimes cometidos diariamente nesses países" e seus conflitos não são discutidos na OEA.

Além disso, considerou que esses países "foram chamados a se organizar e articular-se pelas forças intervencionistas dos Estados Unidos".

Para Ortega, Washington está pautando e estabelecendo as diretrizes na OEA sobre a crise nicaraguense, embora os EUA não reconheçam a autoridade da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

Ele também criticou que o vice-presidente americano, Mike Pence, peça a outros governos que se pronunciem sobre a situação na Nicarágua, porque "a Igreja está sendo atacada", o que ele chamou de "o cúmulo".

Os protestos contra Ortega começaram em 18 de abril e deixaram, segundo diferentes organizações de direitos humanos, entre 317 e 448 mortes, mas o governo numera as vítimas em 198, transformando-se desta forma na mais sangrenta desde a década de 1980.