Topo

Em busca de mão de obra, Polônia negocia acordo de imigração com Filipinas

18/08/2018 06h02

Nacho Temiño.

Varsóvia, 18 ago (EFE).- A Polônia busca trabalhadores para manter o crescimento da sua economia, como reconhecem as autoridades do país, que, embora tenha fechado suas portas para os refugiados, se esforça para atrair novos imigrantes, preferencialmente cristãos, o que voltar o olhar para as Filipinas.

"Esperamos assinar até o final do ano um acordo com Manila para facilitar a chegada de trabalhadores deste país", disse recentemente o vice-ministro do Trabalho da Polônia, Stanislao Szwed.

O representante do governo que destacou que "Varsóvia aprecia, especialmente, o fato de os filipinos serem um povo culturalmente próximo, já que compartilham a fé católica".

Atualmente, cerca de 600 filipinos residem legalmente na Polônia, embora este número possa aumentar consideravelmente nos próximos meses se o acordo for fechado, já que o governo das Filipinas quer garantir que seus cidadãos terão empregos em condições e moradia quando chegarem à Europa, explicou Szwed.

O objetivo do governo polonês é que estes trabalhadores filipinos se dediquem fundamentalmente ao cuidado de idosos e a serviços de saúde, como acontece na Holanda, país que serve de modelo para o acordo negociado.

As autoridades locais estão decididas a facilitar a chegada de trabalhadores estrangeiros na Polônia - sempre tentando dar prioridade aos cristãos -, já que o país precisa de mão de obra qualificada no campo da tecnologia informática, na medicina e na construção, lembrou o vice-ministro.

Mais da metade das empresas polonesas (52%) reconhece que não podem preencher seus postos de trabalho por falta de candidatos, enquanto 18% atribuem o problema às altas demandas salariais dos candidatos.

Para 2030, as previsões apontam que um a cada cinco empregos não poderão ser preenchidos no país do Leste Europeu por falta de interessados.

Com mais de 20 anos de crescimento econômico ininterrupto, a Polônia vê agora como a baixa taxa de natalidade e a emigração para outros países da União Europeia (principalmente Reino Unido, Irlanda e Alemanha) ameaçam o dinamismo da sua economia.

Nos últimos anos, a forte imigração proveniente da vizinha Ucrânia conseguiu suprir parcialmente essa falta de trabalhadores com nova mão de obra cristã e culturalmente próxima, como preferem as autoridades polonesas.

No entanto, o desemprego continuou caindo mês a mês até chegar a um nível recorde em torno dos 5%, os mais baixos desde o comunismo.

Segundo o Banco Central da Polônia, um milhão de ucranianos trabalham atualmente no país, e espera-se que o número cresça entre 200 mil e 300 mil nos próximos anos.

A Polônia emitiu mais de 235 mil licenças de trabalho para estrangeiros no ano passado, a maioria para cidadãos da Ucrânia (192.547), seguidos de bielorrussos (10.518) e nepaleses (7.100).

Apesar de nos últimos anos terem chegado muitos imigrantes, a presença estrangeira continua sendo relativamente baixa na Polônia, onde, com 38 milhões de habitantes, os estrangeiros só representam 1,7% da população total, segundo dados do Eurostat, muito longe dos 15% da Alemanha e dos 12% da Espanha.

No entanto, as autoridades sabem que o país precisa de mais imigrantes, especialmente se a Alemanha abrir seu mercado de trabalho aos ucranianos, um cenário de pesadelo para as empresas polonesas, já que poderia provocar um êxodo de ucranianos residentes na Polônia ao país vizinho, onde os salários são mais altos.

Desta forma, os alemães pode privar os poloneses da sua principal fonte de mão de obra, o que está obrigando as autoridades a atrair novos grupos de imigrantes, com os filipinos como novo alvo.