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OIM diz que êxodo de venezuelanos pode se transformar "rapidamente" em crise

24/08/2018 11h32

Genebra, 24 ago (EFE).- A Organização Internacional para as Migrações (OIM) advertiu nesta sexta-feira que o grande êxodo de cidadãos da Venezuela para países vizinhos, assim como para Estados Unidos, Canadá e Espanha, entre outros destinos, pode se transformar "rapidamente" em uma crise.

O porta-voz da OIM, Joel Millman, afirmou hoje em entrevista coletiva que esta situação está se transformando "em um momento de crise que vimos em outras partes do mundo, particularmente no Mediterrâneo", com a crise de refugiados.

A comunidade internacional deve "começar a alinhar suas prioridades, financiamento e meios para tramitar" a fuga de venezuelanos do seu país devido à crise econômica, política e social na Venezuela, assim como sua posterior amparada, disse Millman.

O porta-voz explicou que "o que é uma situação difícil pode se transformar rapidamente em uma crise", embora tenha elogiado o "trabalho magnífico" dos países latino-americanos na hora de receber as pessoas que abandonam a Venezuela.

"Vemos os focos de violência no Brasil (contra venezuelanos na cidade fronteiriça de Pacaraima) e as medidas restritivas de alguns governos (com a exigência de passaportes para a entrada no Equador e no Peru) como um alerta antecipado de que temos que estar preparados", disse Millman.

"Ressaltamos que muitos imigrantes, particularmente adolescentes e menores de idade, não têm acesso a esses documentos" de identificação, acrescentou.

Segundo a OIM e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), 2,3 milhões de venezuelanos vivem atualmente fora do seu país.

Mais de 1,6 milhão saíram desde 2015 da Venezuela e 90% se encontram em países da América Latina.

Desde 2015, 500 mil venezuelanos receberam algum tipo de status de residência formal na América Latina, segundo a OIM.

Os chefes da OIM, William Lacy Swing, e da ACNUR, Filippo Grandi, expressaram ontem sua solidariedade aos países que acolhem as pessoas que abandonam a Venezuela e pediram à comunidade internacional mais apoio aos países latino-americanos e às comunidades dentro deles que acolhem os venezuelanos.

Por sua vez, o porta-voz da ACNUR Andrej Mahecic expressou sua preocupação com os recentes atos de violência e manifestações xenófobas contra os imigrantes em alguns países da América Latina e Caribe recentemente, porque "aumentam a estigmatização e põem em risco os esforços para sua integração".

"A solidariedade é a chave. Até o momento foi exemplar", indicou, no entanto, Mahecic.

Segundo o porta-voz da ACNUR, em 2016 houve mais de 30 mil pedidos de asilo de venezuelanos na região; em 2017, foram 100 mil solicitações, e até agora em 2018 já são mais de 130 mil.