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Governador de Porto Rico reconhece "erros" na contagem de mortos por furacão

28/08/2018 18h27

San Juan, 28 ago (EFE).- O governador de Porto Rico, Ricardo Rosselló, reconheceu nesta terça-feira que o furacão "María" causou 2.975 mortes, em sua passagem pelo território em setembro de 2017, e reconheceu que cometeu "erros" na gestão dos números, que contabilizavam apenas 64 falecidos, após a divulgação de um estudo independente encomendado pelo seu Executivo.

Em entrevista coletiva, Rosselló disse que assume a responsabilidade e "aceita todas as críticas" e que vai "corrigir esses erros", após a divulgação hoje do estudo da Universidade George Washington.

Após expressar sua "solidariedade" aos familiares e amigos das vítimas, disse que decidiu estabelecer o número oficial de mortos em 2.975, apesar de não se ter a identidade das vítimas e se tratar de "uma estimativa", além de considerar que levará meses e anos para se chegar ao número final.

Ao mesmo tempo, reconheceu que os protocolos existentes na ilha para enfrentar um furacão eram para um ciclone de categoria 1 e não 4, como foi o caso de "María".

Além disso, Rosselló anunciou uma ordem executiva que estabelce a criação da Comissão 9/20, que recolherá recomendações a partir do relatório para que a ilha esteja melhor preparada em relação a futuros furacões e proporá medidas de contingência antes de próximos ciclones.

O governador disse também que será criado um censo de pessoas mais vulneráveis a catástrofes naturais e a construção de um memorial, encarregado à Universidade de Porto Rico (UPR), em honra às vítimas que deve ser erguido no sudeste da ilha ou nas áreas montanhosas onde se encontram os municípios mais afetados pelo ciclone.

O estudo, encomendado há quase um ano e publicado hoje, elevou a 2.975 pessoas o número de mortos entre setembro de 2017 e fevereiro de 2018 como consequência do furacão "María".

"Os resultados deste estudo sugerem que, tragicamente, o furacão 'María' provocou um maior número de mortes em toda a ilha. Certos grupos - aqueles em áreas de menores receitas e os de maior idade - encararam os maiores riscos", explicou Carlos Santos-Burgoa, pesquisador principal do Instituto Milken de Saúde Pública da Universidade de George Washington.

Nos últimos meses vários estudos acadêmicos, entre eles um da Universidade de Harvard de maio e que situou o saldo em 4.645 mortos, foram apontando que o número oferecido em primeira instância pelas autoridades da ilha caribenha, de 64 mortos, não condizia com a magnitude da tragédia.