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Sánchez quer Comissão da Verdade sobre guerra civil e ditadura da Espanha

28/08/2018 22h51

Santiago do Chile, 28 ago (EFE).- O presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, expressou nesta terça-feira sua vontade de constituir uma Comissão da Verdade "para estabelecer uma versão de país" sobre o que ocorreu durante a Guerra Civil espanhola (1936-1939) e a ditadura do general Francisco Franco (1939-1975).

"Temos que dar descanso e paz a muitas famílias que ainda estão buscando seus desaparecidos em muitas valas do nosso país", declarou o governante espanhol, que hoje finalizou uma visita oficial de dois dias ao Chile, em entrevista à emissora chilena "24 Horas".

Sánchez desatacou que a constituição de uma Comissão da Verdade é algo que a Espanha tem que aprender com o Chile, que criou sua Comissão Nacional de Verdade e Reconciliação, que em 1991 documentou as mortes e desaparições durante a ditadura do general Augusto Pinochet, chegando a estabelecer a existência de 2.279 vítimas desde o golpe de Estado de 1973 até o fim do regime militar, em 1990.

Durante sua entrevista na televisão chilena, Pedro Sánchez também defendeu o decreto aprovado por seu governo para a exumação dos restos de Franco como um gesto importante para as novas gerações de espanhóis.

"Com este gesto estamos transferindo ao presente, mas principalmente às gerações futuras de espanhóis, que uma democracia que queira ser denominada como tal tem que eliminar e erradicar qualquer vestígio que represente todo o contrário, como é e como foi a ditadura franquista", comentou Sánchez.

Nesse sentido, o presidente do governo espanhol visitou na capital chilena o Museu da Memória, que relata as violações de direitos humanos durante a ditadura de Pinochet, e disse que o que mais lhe emocionou foi ver as novas gerações de chilenos chegar ao local para saber o que não tem que acontecer no futuro.

"A importância da memória é básica, é essencial. É preciso reivindicar a democracia, é preciso dignificar a democracia. Uma democracia não pode render tributo a um ditador", concluiu.

Sánchez já se encontra agora na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra, onde se reuniu com o presidente da Bolívia, Evo Morales, no marco da sua viagem por quatro países latino-americanos e que lhe levará também a Colômbia e Costa Rica.