Topo

Trump diz que México pagará "facilmente" por muro na fronteira e é rebatido por chanceler

Trump durante conversa telefônica com Peña Nieto - Kevin Lamarque/Reuters
Trump durante conversa telefônica com Peña Nieto Imagem: Kevin Lamarque/Reuters

Em Washington

28/08/2018 18h45

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta terça-feira (28) que o muro que planeja construir na fronteira com o México será "facilmente" pago pelo governo mexicano, retomando assim um assunto polêmico um dia depois de conversar por telefone com o presidente do país vizinho, Enrique Peña Nieto.

"Sim, o muro será pago muito facilmente, pelo México", disse Trump a jornalistas no Salão Oval da Casa Branca ao ser perguntado sobre os planos para o projeto.

Essa afirmação retoma um tema que Trump e Peña Nieto evitaram durante a ligação de segunda-feira, que as câmaras puderam gravar por completo. A conversa consistiu em abordar o acordo preliminar para remodelar a relação comercial entre os países, o que pode dar fim ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).

Logo após a divulgação da fala de Trump sobre o muro, o chanceler mexicano, Luis Videgaray, respondeu a essas declarações em mensagem no Twitter.

"Com os Estados Unidos alcançamos um entendimento comercial, e hoje há perspectivas otimistas para a relação entre ambos os países. O que simplesmente nunca vai acontecer é o México pagar por um muro. Isso nunca esteve na discussão", concluiu Videgaray, que esteve muito envolvido nas negociações comerciais.

As diferenças sobre o pagamento do muro foram o maior fator de irritação nas relações entre os Estados Unidos e o México desde a chegada de Trump ao poder. Peña Nieto chegou a cancelar duas visitas a Washington devido a atritos relacionados a esse assunto.

Em conversa por telefone em fevereiro, Peña Nieto pediu a Trump que dissesse publicamente que o México não financiaria o muro, mas o governante americano se recusou.

EUA e México anunciaram na segunda-feira um princípio de pacto comercial que Trump batizou como "Acordo de Comércio dos Estados Unidos e do México", por considerar que o Nafta tem "conotações muito negativas".

O acordo, que ainda deve ser ratificado pelo Congresso americano e assinado, teria uma vigência mínima de 16 anos e afetaria, entre outros, o setor automotivo.