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Vice-presidente da Suprema Corte do Quênia é detida por suspeita de corrupção

28/08/2018 11h09

Nairóbi, 28 ago (EFE).- A vice-presidente da Suprema Corte do Quênia, Philomena Mwilu, foi detida nesta terça-feira por um suposto caso de corrupção e será interrogada pela polícia, informam veículos de imprensa locais.

A magistrada, detida na sede do tribunal em Nairóbi, enfrenta "várias acusações de roubo, abuso de poder e evasão de impostos", segundo o jornal local "Daily Nation", que vem investigando este caso a meses.

De acordo com fontes citadas por este veículo de informação, as investigações contra Mwilu teriam começado após essa evasão de impostos e o suposto movimento de grandes somas de dinheiro em diversas contas bancárias, transações possivelmente relacionadas com o colapso do banco queniano Imperial Bank.

O Banco Central do Quênia (CBK, na sigla em inglês) designou a Corporação de Seguros de Depósitos do Quênia como administradora do Imperial Bank em outubro de 2015, logo depois de sua quebra e o vazamento da informação de que teriam desaparecido 34 bilhões de xelins (cerca de 288 milhões de euros) em depósitos de acionistas.

Os investigadores então se concentraram nos diretores desta entidade, assim como em diversos funcionários do CBK, que consideraram como possíveis suspeitos.

"Nos últimos meses, têm ocorrido esforços conjuntos para lutar contra a corrupção e os crimes financeiros no país, que prejudicam gravemente a provisão das necessidades básicas à população e afetam o desenvolvimento do país", escreveu hoje o Ministério Público no Twitter.

O procurador-geral do Quênia, Noordin Haji, afirmou que "muitos outros casos estão sendo investigados e muitos mais estão sendo avaliados" por seu departamento e que "os quenianos deveriam esperar novas investigações e acusações com regularidade".

A detenção de um cargo jurídico tão alto não conta com precedentes na história do Quênia e supõe o ápice de meses de investigações policiais com o propósito de combater a corrupção presente no Poder Judiciário.

Em junho, o presidente da Suprema Corte, David Maraga, já tinha advertido que não haveria trégua para os funcionários corruptos.

"Saiba que está sozinho se é corrupto e não espere simpatia, misericórdia nem proteção do meu escritório", advertiu Maraga.

A corrupção é um dos principais problemas do Quênia, situada na posição 143 (de 180) na última edição do índice de percepção da corrupção elaborado anualmente pela ONG Transparência Internacional (TI).

O presidente do país, Uhuru Kenyatta, iniciou uma campanha pública com a qual quer demonstrar o compromisso de seu governo com a luta contra a corrupção, especialmente depois do escândalo que representou a detenção de vários funcionários e empresários vinculados ao suposto desvio de 76 milhões de euros de uma entidade pública.