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Irã diz que pode deixar acordo nuclear se não puder proteger seus interesses

29/08/2018 11h41

Teerã, 29 ago (EFE).- O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, fez um alerta nesta quarta-feira sobre a possibilidade de deixar o acordo nuclear assinado em 2015 se não for "possível proteger os interesses" do país.

O Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, por sua sigla em inglês), nome oficial do pacto assinado entre o Irã e as seis potências, "não é um objetivo, é um meio, e naturalmente deixaremos o mesmo se chegarmos à conclusão de que com ele não é possível proteger os interesses nacionais", disse Khamenei em reunião com o presidente iraniano, Hassan Rohani, e seu Governo, segundo a agência local "ISNA".

Após a retirada de Washington desse pacto em maio, o Irã não deve ter "muitas esperanças" nas tentativas da Europa de salvar esse acordo, assinado em 2015 por Teerã e o grupo 5+1 (Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia, mais Alemanha) e que suspendia as sanções ao Irã em troca de que seu programa atômico se limitasse a fins estritamente civis.

Khamenei também considerou que "não há problemas em manter os laços e seguir com as negociações com a Europa" durante a reunião com Rohani e seu Gabinete, mas considerou que é preciso contemplar suas promessas com certo "ceticismo".

"Os europeus devem compreender, conforme as expressões e as ações dos responsáveis do Governo iraniano, que suas decisões terão como consequência as medidas e reações apropriadas por parte da República Islâmica", recalcou.

Por outro lado, Khamenei excluiu negociações em "qualquer nível" com os Estados Unidos.

"O resultado de negociar com anteriores autoridades americanas que, pelo menos, queriam aparecer acabou aí", afirmou.

Rohani ressaltou que o Governo do atual presidente americano, Donald Trump, tem "a espada no alto contra os iranianos" e fez uma pergunta: "então, quais negociações podemos manter?".

"Portanto, não faremos negociações com os Estados Unidos a nenhum nível", recalcou.

Em maio, os Estados Unidos anunciaram a retirada do acordo nuclear e estabeleceu novas sanções contra o Irã, cujo primeiro rodízio entrou em vigor neste mês, enquanto o segundo, que inclui o setor energético, vital para o país, será aplicado em novembro.