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Rússia adverte os EUA após receber novas sanções: "Estão brincando com fogo"

21/09/2018 06h02

Moscou, 21 set (EFE).- A Rússia advertiu nesta sexta-feira aos Estados Unidos que deixem "de brincar com fogo", após a imposição de uma nova rodada de sanções contra indivíduos e empresas russas feita por Washington.

Em comunicado divulgado no site do Ministério das Relações Exteriores russo, o vice-chanceler Sergei Ryabkov pediu que Washington não se esqueça de conceitos como a estabilidade global que, segundo ele, está sendo minado por conta de suas ações contra a Rússia.

Washington impôs ontem sanções contra 33 indivíduos e empresas por suas relações com o Kremlin, incluindo o empresário Yevgeny Prigozhin, acusado pela imprensa ocidental de arquitetar a campanha de desinformação contra os EUA na internet.

Trata-se da rodada de restrições "número 60" que os EUA aplicam a Rússia desde 2011, lembrou Ryabkov, sugerindo que essa política já se tornou uma espécie de "entretenimento nacional".

Na opinião do número "dois" da diplomacia russa, a cada nova rodada de sanções certifica a falta do efeito da anterior e as "várias listas negras dos EUA se repetem cada vez mais".

Para Ryabkov, os autores das sanções esperam impor suas condições a Rússia, "exercendo um pouquinho mais de pressão", mas "nunca e ninguém irá conseguir", assegurou.

"Recomendamos aos operadores do mecanismo de sanções em Washington que deem uma breve olhada na nossa história e deixem de fazer barulho inutilmente", afirmou.

Além de Prigozhin, apelidado de "chef" do presidente russo, Vladimir Putin, também figuram entre os sancionados pelos Estados Unidos, 24 russos acusados de influenciar as eleições americanas de 2016 pelo promotor especial Robert Mueller, que estava encarregado de investigar se houve algum tipo de coordenação entre o Kremlin e membros da campanha do atual presidente, Donald Trump, durante a disputa.

Entre as empresas russas atingidas pelas novas restrições incluem o Grupo Wagner, uma companhia de segurança privada que supostamente Moscou usa para combater na Síria, assim como a Oboronlogistika, que fornece alimentação e transporte para as tropas da Rússia na Crimeia, e a KnAAPO, que fabrica aeronaves em território russo.

Além disso, os EUA impuseram sanções para a companhia chinesa Equipment Development Department (EDD) e a seu diretor, Li Shangfu, por ter comprado armas para a empresa estatal Rosoboronexport, a maior exportadora russa de armas, que anteriormente já tinha sido sancionada por Washington.

A este respeito, Moscou sentiu que as restrições têm impacto na entrega futura para a China dos caça russo Sukhoi Su-35 e os mísseis s-400.

"Estou convencido de que esses contratos serão cumpridos dentro dos prazos acordados", disse o senador russo, Franz Klintsevich.

Para ele, as novas sanções dos EUA não são mais que uma amostra de "concorrência desleal".