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Trump contradiz seu governo ao prometer reunião sobre o Irã na ONU

21/09/2018 17h17

Washington, 21 set (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contradisse nesta sexta-feira sua embaixadora na ONU, Nikki Haley, e outros funcionários de seu governo ao insistir que a sessão do Conselho de Segurança da organização que presidirá na próxima quarta-feira será centrada no Irã, apesar da mudança de tema formal da reunião.

"Presidirei a reunião sobre o Irã do Conselho de Segurança da ONU na próxima semana!", escreveu Trump em sua conta no Twitter.

Nikki afirmou ontem que, embora inicialmente o Irã fosse o tema do encontro, nele será discutida a não-proliferação de armas de destruição em massa e assuntos como o uso de armas químicas na Síria, o caso Skripal e a Coreia do Norte.

A diferença é grande porque as regras da ONU permitiriam ao Irã participar de uma reunião sobre o país, algo que não aconteceria se a sessão fosse sobre a não-proliferação de armas, pelo menos em termos da agenda oficial.

Ainda que o Irã fosse o tema do encontro, não era esperada a presença do presidente iraniano, Hassan Rohani, que planejava repercutir os resultados da reunião em entrevista coletiva em Nova York.

Segundo fontes diplomáticas, vários países expressaram sua oposição à realização de uma reunião de líderes que fosse centrada somente no Irã, um tema que não aparece na agenda do Conselho e que os EUA tinham tentado incluir sob a epígrafe de "Oriente Médio", dedicado habitualmente a Israel e Palestina.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Yavad Zarif, acusou neste mês os EUA de abusarem de seu poder como presidente rotativo no Conselho de Segurança ao tentar colocar seu país como tema na sessão que é dedicada a Israel e Palestina há décadas.

Nikki atribuiu na quinta-feira a decisão de mudar o tema oficial da reunião a novas preocupações que tinham surgido ao longo do mês sobre questões como a Coreia do Norte e o caso Skripal.

No entanto, espera-se que Trump aproveite a reunião para denunciar as políticas iranianas no Oriente Médio e defender sua decisão de deixar o acordo nuclear com Teerã, uma medida que não conta com o apoio das demais potências do Conselho.

Trump fará na terça-feira seu discurso diante da Assembleia Geral da ONU, no qual defenderá que a "soberania" nacional deve estar acima do multilateralismo, segundo Nikki.