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Regiões anglófonas de Camarões terão toque de recolher por 2 dias

30/09/2018 15h24

Yaoundé, 30 set (EFE).- Os governadores das regiões que falam inglês no noroeste e no sudoeste de Camarões declararam neste domingo um toque de recolher de dois dias, na véspera de completar um ano desde que os separatistas proclamaram de forma simbólica sua independência, informaram à Agência Efe fontes oficiais.

Essa medida implica, em quase todas as cidades de ambas as regiões, a restrição de movimento tanto de bens quanto de pessoas, a proibição de aglomeração e uso dos transportes público e privado e o fechamento de estabelecimentos comerciais.

"Esta medida tem como objetivo evitar manifestações no dia 1º de outubro, data de comemoração da independência dessa parte do país de fala inglesa", disse à Agência Efe uma fonte de segurança da cidade de Buea.

As autoridades temem que os vários grupos separatistas façam atos durante nos próximos dias, antes das eleições gerais de 7 de outubro, nas quais o presidente Paul Biya, de 85 anos, tenta um sétimo mandato. Um dos líderes rebeldes da Ambazonia - nome dado às duas regiões anglófonas -, Ayaba Cho Lucas, recentemente disse que faria "grandes atos a partir de 1º de outubro" para mostrar "quem controla realmente as áreas anglófonas".

A "crise anglófona" começou em 2016, mas desde o final do ano passado se agravou como consequência da dura repressão do Exército e do surgimento de grupos armados, como as Forças de Defesa da Ambazonia, que reivindicam a independência de 20% do território nacional.

Em 1º de outubro do ano passado - data que lembra a reunificação de Camarões em 1961 - grupos nacionalistas anglófonos autoproclamaram de forma simbólica a independência do estado da Ambazonia e foram reprimidos pelo Exército. Pelo menos 40 manifestantes morreram por causa da violência policial, de acordo com a organização International Crisis Group, que contou "milhares de manifestantes".

Desde o início da crise, pelo menos 3 mil civis e 150 militares morreram, segundo o Centro Sub-regional para os Direitos Humanos e a Democracia na África Central, e mais de 200 mil pessoas foram forçadas a se deslocar.