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Van e funcionários do consulado saudita são as novas pistas de caso Khashoggi

19/10/2018 15h14

Istambul, 19 out (EFE).- O Ministério Público da Turquia continua com as investigações do caso de Jamal Khashoggi, o jornalista saudita que está desaparecido desde 2 de outubro após entrar no consulado de seu país em Istambul, ao interrogar nesta sexta-feira 15 funcionários da sede diplomática e proceder com a análise detalhada de uma van.

Os 15 funcionários do consulado, todos de nacionalidade turca, passaram hoje pela sede do Ministério Público para prestarem depoimento na qualidade de testemunhas, informou a agência turca "Anadolu".

Entre os funcionários citados estão o motorista de consulado, o chefe da central telefônica, um técnico e um contador, segundo a agência citada.

A emissora "NTV", por sua vez, afirmou que obteve informações de que, no dia do desaparecimento de Khashoggi, as autoridades consulares liberaram os funcionários turcos do trabalho no turno da tarde sob o pretexto de que aconteceria uma reunião.

De acordo com essa informação, naquela terça-feira, 2 de outubro, os funcionários turcos do consulado deixaram o recinto na hora do almoço, pouco antes de Khashoggi entrar no recinto para realizar um trâmite de rotina.

A equipe de investigação turca ampliou hoje suas análises também para uma van pertencente ao consulado, que pode ter servido para transportar o corpo de Khashoggi.

Os peritos turcos analisaram durante três horas uma van Mercedes Vito com registro do consulado que aparece em uma das gravações de 2 de outubro, quando o jornalista desapareceu, informou o jornal "Yeni Safak".

O veículo saiu do consulado duas horas depois que Khashoggi entrou no edifício e se dirigiu à residência do cônsul, que fica a 200 metros da sede diplomática.

A equipe forense analisou a van com produtos químicos usados para detectar amostras genéticas.

Desde ontem também estão sendo analisadas as gravações de câmeras de segurança e de trânsito ao redor da floresta de Belgrado, que fica nos arredores de Istambul, onde um veículo deste tipo foi visto, segundo algumas informações.

No entanto, o governo turco se esquivou hoje mais uma vez das especulações relativas à existência de gravações da tortura e do assassinato de Khashoggi no consulado, que, segundo alguns veículos de imprensa, teriam sido mostradas ao secretário de Estado americano, Mike Pompeo, durante sua visita a Ancara na quarta-feira.

O governo turco negou hoje que tenha divulgado gravações que comprovem que Khashoggi foi assassinado no consulado da Arábia Saudita em Istambul, onde ele foi visto pela última vez no dia 2 de outubro, desmentindo assim informações dos veículos de imprensa turcos e internacionais.

"Não é certo que a Turquia tenha entregado qualquer gravação de áudio a Pompeo, nem a nenhum outro funcionário do alto escalão dos Estados Unidos", disse hoje o ministro de Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavusoglu, em entrevista coletiva na Albânia.

"A Turquia obteve várias informações e indícios com as investigações", acrescentou o ministro, sem especificá-las.

"Os resultados que surgirem daí serão apresentados para todo o mundo. Não é correto afirmar que compartilhamos essas informações com qualquer outro país", insistiu o ministro.

Assim, a Turquia mantém reservada sua postura oficial sobre a morte de Khashoggi, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já manifestou publicamente que acredita na tese de que ele foi assassinado.

"Certamente, parece que sim", disse Trump na noite de quinta-feira, ao ser perguntado se acreditava que Khashoggi tinha morrido.

"A menos que o milagre de todos os milagres aconteça, eu reconheceria que ele está morto. (...) Isso com base em tudo que chega à inteligência de todos os lados", declarou Trump ao jornal "New York Times".

Além disso, Trump afirmou que se o suposto crime for confirmado, "terá duras consequências" para as relações bilaterais com a Arábia Saudita.