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Festa por vitória de Bolsonaro tem queima de fogos, ódio ao PT e patriotismo

29/10/2018 06h02

Andrea Usero Escalante.

Rio de Janeiro, 29 out (EFE).- Com um ambiente que lembrou o de jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo, viradas de ano ou até o de carnavais de rua, milhares de pessoas se reuniram na tarde de domingo na orla da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, em frente ao condomínio onde fica a casa de Jair Bolsonaro, para que pudessem comemorar com ele a vitória no segundo turno das eleições.

A confirmação de que o polêmico militar da reserva e deputado federal do PSL venceu o pleito com cerca de 55% dos votos válidos deu início a uma onda de festejos com queima de fogos na praia e pessoas cantando o hino nacional, entre outras manifestações.

Pessoas de todas as idades, incluindo inúmeros casais com filhos pequenos, em grande maioria usando roupas com as cores nacionais ou carregando bandeiras do Brasil, gritaram e cantaram "O mito chegou", em referência ao apelido pelo qual muitos simpatizantes chamam Bolsonaro.

No terraço de uma casa próxima à do presidente eleito, os moradores tocaram em altíssimo volume o hino brasileiro, enquanto no calçadão da praia e na areia eram soltados rojões e outros fogos.

Os cânticos na festa pela vitória de Bolsonaro tiveram ainda outro claro objetivo: a crítica ao PT, de Fernando Haddad, que foi superado por ele no primeiro e no segundo turnos, e ao ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

"Lula ladrão, seu lugar é na prisão" era um dos gritos mais ouvidos naquele trecho da praia.

Um dos simpatizantes de Bolsonaro levava entre a multidão um caixão vermelho com a siglas "PT". Era o jovem Luciano Paiva, de 22 anos, que disse à Agência Efe que "não só estava comemorando a vitória de Bolsonaro, como "o crescimento da direita no Brasil, algo que antes não havia".

"Ele tinha muitos discursos que acho que estão equivocados, mas foi aprendendo com o tempo e entendeu que não pode proteger um grupo minoritário, mas sim o indivíduo, porque, quando se protege uma pessoa, se protege todos, sem distinguir raça, cor, sexualidade...", explicou Paiva ao se referir a polêmicos comentários de Bolsonaro.

Em relação ao caixão vermelho, transformou-se em um sucesso na concentração, e todos queriam uma foto com ele. Paiva alegou que não o fez contra o PT concretamente, porque "não tem nada contra - por mais que eles me tenham roubado, afirmou -, mas contra a esquerda em geral".

"Acredito que é preciso lutar pelo indivíduo, e o PT e a esquerda em geral lutam por grupos selecionados", acrescentou.

Russa naturalizada brasileira há quatro anos, Iulia Galgow disse que viveu durante anos sob o regime soviético, uma época que comparava com o governo do PT, por isso se manifestou orgulhosa de ter votado pela primeira vez no Brasil por ocasião destas eleições, e de tê-lo feito por Bolsonaro.

Galgow opinou que o capitão colocará ordem nas ruas, o que considerou importante, "porque o povo brasileiro precisa de algo melhor, precisa de segurança, precisa de ordem, sair à noite na rua, e atualmente há muita criminalidade, e os bandidos são favorecidos pela lei", manifestou.

Para Carlos Adolfo Rojo, chileno da frente nacional ultradireitista de seu país, hoje era "o dia mais importante do mundo em anos", e por isso viajou para "ver Bolsonaro ganhar com muitas vontade e energia", já que o Brasil é o começo pelo qual a extrema-direita vai se expandir pelo mundo, afirmou Rojo à Efe.