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Etiópia detém 63 militares de alta patente e oficiais de Inteligência

12/11/2018 16h56

Adis Abeba, 12 nov (EFE).- A polícia da Etiópia prendeu no fim de semana 63 oficiais, entre militares de alta patente do Exército e agentes do Serviço de Inteligência, que são acusados de corrupção, violação de direitos humanos e crimes de contra a humanidade, anunciou nesta segunda-feira o procurador-geral do país, Berhanu Tsegaye.

"Os crimes incluem formas indescritíveis de tortura, incluindo o estupro de homens e mulheres detidas, manter prisioneiros despidos, assim como a mutilação de várias partes do corpo, inclusive dos órgãos genitais", declarou Tsegaye em entrevista coletiva em Adis Abeba.

Na sexta-feira foram detidos 36 militares, incluindo generais e coronéis, enquanto era realizada uma reunião com mais de 25 oficiais do Serviço de Inteligência na sede do conglomerado militar etíope Corporação de Engenharia de Metais (MeTEC).

Novas detenções foram realizadas durante o fim de semana, e os bens em propriedade dos detidos e seus familiares foram congelados, segundo Tsegaye.

A impactante revelação é resultado de quase meio ano de investigação sobre as atrocidades e desvios cometidos na Etiópia em mais de duas décadas.

Entre as acusações de corrupção, o procurador citou como exemplo o fato de quase todos os processos de aquisição da MeTEC durante os últimos anos terem sido concedidos sem uma licitação pública e sob total confidencialidade.

"Durante seis anos, a MeTEC realizou compras internacionais num total de US$ 2 bilhões sem nenhum processo de licitação", disse Berhanu, que também apontou que dois navios foram utilizados para transportar carregamentos ilegais do Irã à capital da Somália, Mogadíscio, sem dar mais detalhes.

A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional (AI) elogiou estas detenções e incentivou o governo do reformista primeiro-ministro Abiy Ahmed, de 42 anos, a acelerar as reformas no setor da Justiça.

"Estas detenções são um primeiro passo importante para garantir a total responsabilidade pelos abusos que persistiram no país durante décadas", afirmou em comunicado o diretor da AI para a África Oriental, o Chifre da África e a região dos Grandes Lagos, Joan Nyanyuki.

"Muitos destes funcionários estavam no comando de agências governamentais infames por cometer graves violações de direitos humanos, como a tortura e a detenção arbitrária de pessoas, inclusive em instalações secretas", acrescentou Nyanyuki.