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Bangladesh confirma retorno dos rohingyas a Mianmar no próximo dia 15

13/11/2018 05h26

Daca, 13 nov (EFE).- Bangladesh confirmou nesta terça-feira o início da repatriação dos refugiados rohingyas, que fugiram de Mianmar após uma violenta ofensiva militar, na próxima quinta-feira, dia 15, apesar das advertências da ONU sobre a falta de condições para esse retorno.

"A decisão é que a repatriação (dos rohingyas) começará em 15 de novembro", confirmou à Agência Efe o comissário para Ajuda e Repatriação de Refugiados de Bangladesh, Abul Kalam.

Ambos governos decidiram repatriar 2.251 dos mais de 700.000 refugiados rohingyas que vivem em acampamentos em Bangladesh, na primeira etapa de um processo de várias fases.

A fase inicial poderia ser completada em duas semanas com a transferência de grupos de aproximadamente 150 rohingyas por dia, acrescentou Kalam.

No entanto, o funcionário ressaltou que até o momento as autoridades locais ainda não conseguiram o consentimento dos refugiados que farão parte do grupo que deveria ser repatriado na primeira fase.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) advertiu ontem que as condições não são seguras para o regresso dos refugiados rohingyas a Mianmar.

Um porta-voz do ACNUR em Cox's Bazar, a cidade que abriga o maior acampamento desta minoria étnica, disse hoje à Efe que o papel da organização será apenas o de vigiar que essa repatriação seja "voluntária".

"O ACNUR avaliará a participação voluntária dos refugiados, começaremos este processo muito em breve e por enquanto não podemos especular sobre o resultado", comentou o porta-voz do organismo, Firas al Khateeb.

"O governo de Bangladesh também salientou que qualquer retorno será voluntário", acrescentou.

O anúncio da repatriação dos rohingyas acontece quase um ano depois que os dois países assinaram um acordo em 23 de novembro de 2017 para começar o processo.

O êxodo dos rohingyas começou em 25 de agosto de 2017, quando um grupo rebelde da comunidade minoritária muçulmana lançou uma série de ataques contra postos governamentais na região de Rakhine, no oeste de Mianmar.

O exército birmanês respondeu com uma ofensiva que foi condenada em nível mundial pelos seus abusos contra os direitos humanos, como estupro, tortura, saques e o incêndio de povoados inteiros dos rohingyas.

Um relatório da ONU apresentado no último mês de setembro qualificou a operação militar em Rakhine contra os rohingyas de "genocídio proposital", além de encontrar indícios de crimes de guerra e contra a humanidade.