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Cúpula Ibero-americana exibirá nova e polarizada cena política regional

13/11/2018 18h44

Alejandro Varela.

Bogotá, 13 nov (EFE).- A 26ª edição da Cúpula Ibero-americana será palco nesta semana, na cidade de Antigua, na Guatemala, de um renovado, conturbado e polarizado cenário político na América Latina.

As várias eleições presidenciais realizadas na América Latina e as mudanças de governo recentes em meio a crises lançaram na arena política novos personagens que prometem bruscas mudanças de rumo.

Os casos de Brasil, com Jair Bolsonaro, e México, com Andrés Manuel López Obrador, que protagonizaram guinadas nas respectivas últimas eleições, sendo uma para a direita e a outra para a esquerda, são bons exemplos.

Nem Bolsonaro, como presidente eleito, ou Michel Temer, em exercício, confirmaram presença na cúpula. O mesmo vale para López Obrador e o atual governante mexicano, Enrique Peña Nieto.

Junto com o Brasil, apostaram recentemente pela direita Colômbia, Chile e Paraguai, com a eleição de Iván Duque, Sebastián Piñera e Mario Abdo Benitez, respectivamente.

Duque, que confirmou presença em Antigua, é um personagem novo na política latino-americana. Ele assumiu o cargo em agosto, após ganhar o pleito com apoio do ex-presidente Alvaro Uribe.

Piñera, que ainda não revelou se irá à cúpula, assumiu o posto também em agosto, para suceder a social-democrata Michelle Bachelet. Político veterano, ele já foi presidente do Chile de 2010 a 2014.

A Argentina também girou à direita ao escolher como presidente, em 2015, Mauricio Macri para o lugar de Cristina Kirchner.

Macri nunca foi a uma Cúpula Ibero-americana, e sua participação na da Guatemala é pouco provável devido à crise econômica e social que ocorre em seu país.

O presidente guatemalteco, Jimmy Morales, anfitrião do evento e eleito em janeiro de 2016, é mais próximo da direita do que da esquerda.

Por sua vez, Juan Orlando Hernández, que confirmou presença em Antigua, é um político nacionalista de direita, que preside Honduras desde 2014 e foi reeleito em 2017.

No espectro da direita também estão os presidentes de Panamá (Juan Carlos Varela), Peru (Martín Vizcarra) e República Dominicana (Danilo Medina).

Vizcarra também é um personagem novo no cenário político ibero-americano, nomeado pelo Congresso da República após o impeachment de Pedro Pablo Kuczynsky, acusado de corrupção.

Já Uruguai, El Salvador, Equador e Costa Rica estão alinhados à esquerda.

O presidente costa-riquenho, o social-democrata Carlos Alvarado, que estará em Antigua, tomou posse em maio e é novo no cenário político ibero-americano.

O esquerdista Salvador Sánchez Cerén governa El Salvador desde 2014, e igualmente confirmou a ida à cúpula na Guatemala.

El Salvador é um dos países do chamado Triangulo Norte, junto com Guatemala e Honduras, que são os mais afetados pelo problema da emigração para os Estados Unidos e ocupam os índices mais elevados no mundo de falta de segurança.

No Uruguai, Tabaré Vazquez é presidente desde 2015 e já tinha ocupado o cargo de 2005 a 2010. A presença dele em Antigua está descartada por problemas de saúde.

Lenín Moreno, que irá ao encontro, assumiu a presidência do Equador em maio de 2017, apadrinhado pelo antecessor, Rafael Correa, de quem se distanciou radicalmente pouco depois de chegar ao poder.

Um capitulo à parte são os países que formam o eixo central da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba): Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Cuba.

A crise política venezuelana despertou repúdio quase unânime por países de fora da aliança, e o presidente Nicolás Maduro ainda não confirmou se irá ou não à cúpula.

Panorama semelhante é vivido pela Nicarágua, onde durante os últimos meses centenas de pessoas morreram e outras centenas foram presas por protestarem contra um regime que está no poder há uma década sem conseguir tirar o país da lista dos mais pobres do mundo e cujo presidente, Daniel Ortega, não confirmou a ida à Guatemala.

Evo Morales, outro que não confirmou presença em Antigua, é presidente da Bolívia há 17 anos, tendo ganhado sucessivas eleições.

Em Cuba, o único país da comunidade ibero-americana em que não há um sistema democrático de partidos, Miguel Mario Díaz-Canel assumiu a chefia de Estado no lugar de Raúl Castro em abril. O país não manda seu presidente a uma cúpula ibero-americana desde que Fidel Castro foi à do Panamá, em 2000.

Pela parte europeia da comunidade ibero-americana, o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, chegou ao poder em junho, após apresentar com sucesso uma moção de censura ao antecessor, Mariano Rajoy. Ele participará do evento junto com o rei Felipe VI.

Representando Portugal, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa e o primeiro-ministro Antonio Costa devem comparecer à cúpula.

O presidente de Andorra, Antoni Martí Petit, também confirmou que irá à Guatemala.