Topo

Bangladesh afirma que está pronta para repatriação de rohingyas a Mianmar

15/11/2018 04h52

Cox's Bazar (Bangladesh), 15 nov (EFE).- O governo de Bangladesh afirmou que está pronto para começar nesta quinta-feira o processo de repatriação de rohingyas a Mianmar, como estava previsto, embora não tenha esclarecido se já conta com algum voluntário para voltar entre os 700.000 refugiados que fugiram da violência em 2017.

"Estamos completamente prontos para proceder com a repatriação como estava planejado. Tudo está pronto, a logística e outras instalações estão preparadas", declarou o comissário para Ajuda e Repatriação de Refugiados de Bangladesh, Abul Kalam, em entrevista coletiva em Cox's Bazar, perto da fronteira birmanesa.

O encarregado do lado bengalês do processo de repatriação dos membros desta minoria muçulmana não esclareceu, no entanto, se já contam com algum rohingya disposto a atravessar a fronteira com base no "princípio voluntário de repatriação".

"Os meus companheiros estão ali para receber qualquer refugiado ou rohingya que apareça voluntariamente para a repatriação (...) Se há alguém disposto a ir, o levaremos até a fronteira com respeito e dignidade", garantiu Kalam.

Daca e Naypyidaw concordaram em repatriar a partir de hoje os primeiros 2.251 dos mais de 700.000 rohingyas chegados a Bangladesh desde agosto de 2017, um processo que se prolongará durante duas semanas, com a transferência de cerca de 150 pessoas ao dia.

No entanto, a alta comissária dos Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, pediu na segunda-feira ao Executivo bengalês que suspendesse a repatriação, por considerar que as transferências iriam contra as leis internacionais e poriam em risco as vidas e liberdades dos refugiados desta minoria muçulmana.

O êxodo dos rohingyas começou em 25 de agosto de 2017, quando um grupo rebelde desta comunidade minoritária muçulmana lançou uma série de ataques contra postos governamentais na região de Rakhine, no oeste da Mianmar, o que provocou uma desproporcional resposta do exército birmanês contra esta minoria.

Um relatório da ONU apresentado no último mês de setembro qualificou a operação militar em Rakhine contra os rohingyas de "genocídio", além de encontrar indícios de crimes de guerra e contra a humanidade.