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Presidente do Panamá nega que tensão entre China e EUA tenha afetado canal

16/11/2018 02h51

Antigua (Guatemala), 15 nov (EFE).- O presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, garantiu nesta quinta-feira que a tensão comercial entre a China e os Estados Unidos quase não teve impacto no canal interoceânico, cujos principais clientes são as duas potências mundiais.

Varela discursou hoje em um fórum empresarial prévio à 26ª Cúpula Ibero-Americana de Antigua, na Guatemala, junto a outros governantes, e afirmou que a guerra tarifária só teve um "leve" impacto nos grãos que os Estados Unidos mandam à China.

"Os demais itens do canal do Panamá estão estáveis, mas, sem dúvida alguma, não convém à economia mundial que os países, para proteger seus interesses nos tratados comerciais, gerem este tipo de situação", comentou.

Os Estados Unidos, que construíram a rota no início do século passado e a administraram até 31 de dezembro de 1999, são o principal usuário do canal, seguidos da China.

Pelo canal passa cerca de 6% do comércio mundial e se conectam mais de 140 rotas marítimas e 1.700 portos em 160 países diferentes.

No fórum de hoje, Varela disse ainda que confia que a tensão entre ambas potências diminuirá nos próximos meses, sobretudo depois da cúpula do G20 que será realizada na Argentina em dezembro e na qual estarão os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping.

Varela, que deixará o cargo em 2019, defendeu o avanço da China na região e lembrou que os países latino-americanos têm taxas de arrecadação tributária muito baixas e que dependem do investimento estrangeiro para gerar desenvolvimento sustentável.

"A única forma para que um país de América Latina possa cumprir com a Agenda 2030 é com investimento estrangeiro", reforçou.

O Panamá decidiu em junho de 2017 romper com Taiwan e reconhecer o princípio de "uma só China", convertendo-se assim no segundo país centro-americano, depois da Costa Rica, a estabelecer relações diplomáticas com o gigante asiático.

O giro diplomático do Panamá e de outros países da região, como República Dominicana e El Salvador, fez com que o governo dos EUA chamasse para consultas em agosto seus representantes diplomáticos nesses países.