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Bombeiros esperam controlar enorme incêndio da Califórnia no final do mês

20/11/2018 02h27

Marc Arcas.

San Francisco, 19 nov (EFE).- Os bombeiros que há mais de uma semana lutam contra as chamas no gigantesco incêndio que arde no norte da Califórnia, nos Estados Unidos, e que já matou pelo menos 79 pessoas, afirmaram nesta segunda-feira que esperam ter o fogo completamente controlado no final deste mês.

O Departamento Florestal e de Proteção contra Incêndios do estado, o Calfire, fixou como "data antecipada de contenção total" o dia 30 de novembro, o que, caso seja cumprida, seria mais de três semanas depois da conflagração do incêndio batizado como "Camp Fire" no último dia 8.

Além dos 79 mortos, 699 pessoas permanecem desaparecidas, mais de 15.000 edifícios foram destruídos e 61.100 hectares foram arrasados, enquanto as chamas foram contidas em 70%, segundo os últimos dados divulgados pelas autoridades.

As condições meteorológicas adversas previstas para as últimas horas, nas quais se esperavam fortes ventos que dificultassem as tarefas de extinção, resultaram menos ferozes que o previsto, o que permitiu aos bombeiros seguir trabalhando.

Segundo os prognósticos do Serviço Nacional de Meteorologia, na quarta-feira chegarão as primeiras chuvas à região do condado de Butte, onde se desenvolve o incêndio, que se encontra extremamente seca e que não vê chover há meses.

Os meteorologistas estão "quase seguros" que nesse dia haverá precipitações, embora não em uma quantidade suficiente para que haja risco de deslizamentos de terras na área arrasada pelo fogo.

As autoridades expressaram o seu temor, no entanto, de que, apesar de a água poder ajudar nas tarefas de contenção, enlameie a área queimada e dificulte a recuperação de corpos.

Além disso, as precipitações e o barro poderiam apresentar riscos para as dezenas de milhares de pessoas que permanecem evacuadas, muitas das quais estão vivendo em barracas de campanha em áreas habilitadas como refúgios temporários.

A chuva aliviaria a situação em grande parte do resto do estado, que há dias se encontra em alerta vermelho pela má qualidade do ar, já que a fumaça se desloca centenas de quilômetros até alcançar áreas muito povoadas como Sacramento, a capital do estado, e a baía de San Francisco.

A causa que originou o fogo continua sendo desconhecida e as autoridades mantêm aberta uma investigação, mas todos os olhares se centram na companhia elétrica Pacific Gas & Electric (PG&E), que revelou ter detectado até dois problemas em uma linha de alta tensão do local no mesmo dia em que se declarou o incêndio.

Se for considerada causadora do incêndio, a empresa poderia ter de abonar compensações multimilionárias que a fariam decretar falência.

A possibilidade desse cenário fez com que as ações da companhia desabassem na semana passada na bolsa de Nova York, o que levou o regulador público californiano a sugerir um hipotético resgate da companhia para aliviar assim os temores dos investidores.

Por sua parte, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, visitou neste final de semana as áreas queimadas e mostrou um tom conciliador frente às palavras agressivas que direcionou uma semana atrás às autoridades da Califórnia por sua gestão do incêndio.

Trump percorreu parte da área queimada pelo "Camp Fire" junto ao governador do estado, o democrata Jerry Brown; o seu futuro sucessor, o também progressista Gavin Newsom; e a prefeita de Paradise, uma cidade de 26.000 habitantes que foi completamente engolida pelas chamas, Jody Jones.

"Ninguém pensou que isto poderia acontecer. Temos que realizar trabalhos de manutenção. Trabalharemos com grupos ambientais. Acredito que avançamos todos no mesmo sentido", declarou o presidente à imprensa.

Trump se dirigiu depois ao sul da Califórnia, onde está ativo outro grande incêndio perto de Los Angeles que provocou três mortes, embora os bombeiros o tenham controlado quase em sua totalidade.