Comunidade hispânica de San Diego vira as costas para caravana de imigrantes
Rafael Salido.
San Diego (EUA), 21 nov (EFE).- A desconfiança em relação aos milhares de imigrantes que esperam no México uma oportunidade de atravessar a fronteira dos Estados Unidos domina a maior parte da comunidade hispânica que vive na cidade de San Diego, apesar de muitos dos críticos já terem passado por situação similar.
"Cheguei como eles chegaram a Tijuana, mas eu cheguei com o meu passaporte e tive sorte de encontrar uma pessoa daqui e em seis meses ter conseguido regularizar minha situação", declarou à Agência Efe Teresa Beltrán, que se mudou para os EUA há 30 anos e agora comanda uma pequena loja no bairro de Logan, em San Diego.
A região é o coração da comunidade hispânica de San Diego, uma cidade de 1,5 milhão de habitantes, sendo 28,8% deles de origem latina, segundo dados do último Censo Nacional, realizado em 2010.
A adaptação da comunidade à cidade é evidente. Talvez por isso seus integrantes desconfiem das intenções dos cerca de cinco mil imigrantes, a maior parte deles nascidos em países da América Central, que compõem a caravana que partiu rumo aos EUA.
"É preciso se adaptar à cultura americana, a começar pelo idioma, se adaptar às regras e não querer impor as nossas. Esse país já tem sua cultura, tem suas regras próprias", alertou Alba Fierro, proprietária de um restaurante mexicano em San Diego.
Fierro reconheceu que muitos de seus clientes entraram no país ilegalmente, o provável destino de alguns dos imigrantes da caravana, mas os métodos foram diferentes.
"Eles (os clientes) não entraram em grupo, protestando, fazendo baderna e exigindo", afirmou a agora empresária
A população hispânica da cidade parece ter acompanhado com atenção o avanço da caravana, considerada como "invasão" pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e criticam esses imigrantes por não terem aceitado as oportunidades dadas pelo México.
Quando perguntados sobre onde se informam sobre a caravana, muitos dizem ter acompanhado a situação em primeira mão em Tijuana. Outros citam a imprensa ou as redes sociais. No entanto, as palavras de Trump estão nas declarações de quase todos eles.
Beltrán, por exemplo, mostrou preocupação com a possível presença de terroristas infiltrados na caravana. Fierro citou os problemas sociais provocados pela presença dos centro-americanos em Tijuana. "Criminalidade, sujeira nas ruas e poluição", enumerou ela.
Um mexicano de Nayari, que vende camarão seco em San Diego e preferiu não se identificar, concorda com a compatriota.
"Primeiro as pessoas diziam que estavam de acordo porque eles estavam vindo como nós viemos, como imigrantes. Mas agora estamos vendo a realidade, que eles estão provocando desastre por todo o México. Eu não sei o que eles pensam, mas acredito que não está certo", avaliou o comerciante.
As ruas de Logan voltam a ficar lotadas à noite, quando os fiéis deixam a Igreja Nossa Senhora de Guadalupe após a missa das 18h. E alguns dos católicos são mais compreensivos com os imigrantes, como o salvadorenho José Alberto Mendoza, que teve que abandonar seu país na década de 1980 devido à Guerra Civil. A possibilidade de pedir asilo nos EUA foi o que o salvou.
Mendoza admite que algumas "maças podres" podem fazer parte da caravana, mas acredita que a fiscalização é a capaz de evitar que essas pessoas entrem no território americano. Apesar de defender os imigrantes, ele entende a preocupação da comunidade, embora duvide da legitimidade e da origem desse medo.
"As notícias dizem que os imigrantes devem entrar legalmente, mas ninguém aqui veio legalmente. É ruim que digam que entrar ilegalmente é um problema, que se eles vêm em grupo é um problema, que vão tirar nossos empregos, vão cometer crimes. É fácil apontar o dedo porque as notícias negativas sempre estão nas manchetes", concluiu o salvadorenho.
San Diego (EUA), 21 nov (EFE).- A desconfiança em relação aos milhares de imigrantes que esperam no México uma oportunidade de atravessar a fronteira dos Estados Unidos domina a maior parte da comunidade hispânica que vive na cidade de San Diego, apesar de muitos dos críticos já terem passado por situação similar.
"Cheguei como eles chegaram a Tijuana, mas eu cheguei com o meu passaporte e tive sorte de encontrar uma pessoa daqui e em seis meses ter conseguido regularizar minha situação", declarou à Agência Efe Teresa Beltrán, que se mudou para os EUA há 30 anos e agora comanda uma pequena loja no bairro de Logan, em San Diego.
A região é o coração da comunidade hispânica de San Diego, uma cidade de 1,5 milhão de habitantes, sendo 28,8% deles de origem latina, segundo dados do último Censo Nacional, realizado em 2010.
A adaptação da comunidade à cidade é evidente. Talvez por isso seus integrantes desconfiem das intenções dos cerca de cinco mil imigrantes, a maior parte deles nascidos em países da América Central, que compõem a caravana que partiu rumo aos EUA.
"É preciso se adaptar à cultura americana, a começar pelo idioma, se adaptar às regras e não querer impor as nossas. Esse país já tem sua cultura, tem suas regras próprias", alertou Alba Fierro, proprietária de um restaurante mexicano em San Diego.
Fierro reconheceu que muitos de seus clientes entraram no país ilegalmente, o provável destino de alguns dos imigrantes da caravana, mas os métodos foram diferentes.
"Eles (os clientes) não entraram em grupo, protestando, fazendo baderna e exigindo", afirmou a agora empresária
A população hispânica da cidade parece ter acompanhado com atenção o avanço da caravana, considerada como "invasão" pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e criticam esses imigrantes por não terem aceitado as oportunidades dadas pelo México.
Quando perguntados sobre onde se informam sobre a caravana, muitos dizem ter acompanhado a situação em primeira mão em Tijuana. Outros citam a imprensa ou as redes sociais. No entanto, as palavras de Trump estão nas declarações de quase todos eles.
Beltrán, por exemplo, mostrou preocupação com a possível presença de terroristas infiltrados na caravana. Fierro citou os problemas sociais provocados pela presença dos centro-americanos em Tijuana. "Criminalidade, sujeira nas ruas e poluição", enumerou ela.
Um mexicano de Nayari, que vende camarão seco em San Diego e preferiu não se identificar, concorda com a compatriota.
"Primeiro as pessoas diziam que estavam de acordo porque eles estavam vindo como nós viemos, como imigrantes. Mas agora estamos vendo a realidade, que eles estão provocando desastre por todo o México. Eu não sei o que eles pensam, mas acredito que não está certo", avaliou o comerciante.
As ruas de Logan voltam a ficar lotadas à noite, quando os fiéis deixam a Igreja Nossa Senhora de Guadalupe após a missa das 18h. E alguns dos católicos são mais compreensivos com os imigrantes, como o salvadorenho José Alberto Mendoza, que teve que abandonar seu país na década de 1980 devido à Guerra Civil. A possibilidade de pedir asilo nos EUA foi o que o salvou.
Mendoza admite que algumas "maças podres" podem fazer parte da caravana, mas acredita que a fiscalização é a capaz de evitar que essas pessoas entrem no território americano. Apesar de defender os imigrantes, ele entende a preocupação da comunidade, embora duvide da legitimidade e da origem desse medo.
"As notícias dizem que os imigrantes devem entrar legalmente, mas ninguém aqui veio legalmente. É ruim que digam que entrar ilegalmente é um problema, que se eles vêm em grupo é um problema, que vão tirar nossos empregos, vão cometer crimes. É fácil apontar o dedo porque as notícias negativas sempre estão nas manchetes", concluiu o salvadorenho.
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