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Sensor colocado no cérebro permite que tetraplégicos utilizem computadores

21/11/2018 19h48

Los Angeles, 21 nov (EFE).- Mediante um sensor instalado no cérebro, pessoas com múltiplas paralisias poderão utilizar a mente para acessar computadores como parte de suas atividades diárias, informou um relatório publicado nesta quarta-feira pela Universidade de Stanford, na Califórnia (Estados Unidos).

Pesquisadores desenvolveram uma interface cérebro-computador (BCI na sigla em inglês) que permite que pessoas com paralisia possam movimentar o cursor e clicar em um computador ao registrar as ordens dadas pelo cérebro. Um implante "do tamanho de uma aspirina" permitir recolher sinais associados aos movimentos intencionais gerados no córtex motor do cérebro.

Estas ordens mentais "foram decifradas e encaminhadas para dispositivos externos" que as receberam como se fossem de movimentos realizados com a mão. Conforme o relatório, as ordens foram dirigidas a uma interface Bluetooth configurada para trabalhar como um mouse sem fio, que, por sua vez, estava emparelhado com um tablet Google Nexus 9.

O principal autor do estudo, o neurocirurgião Jaimie Henderson, afirmou que durante anos o sistema de implantes cerebrais Brain Gate foi pensado para desenvolver os conhecimentos "de neurociência e neurotecnologia que permitam que pessoas controlem aparelhos com o poder do pensamento".

"Neste estudo aproveitámos esse conhecimento para restaurar a capacidade das pessoas de controlar exatamente as mesmas tecnologias cotidianas que usavam antes da nova condição", disse Henderson.

Mediante o estudo, cujos resultados foram publicados hoje na revista científica "Plos One", três pessoas com tetraplegia - a paralisia do pescoço para baixo - puderam usar computadores ao movimentar o cursor e clicar utilizando apenas o pensamento. Elas puderam "teclar" com parentes e amigos, fazer compras pela internet e escolher e escutar as suas músicas favoritas, entre outras muitas opções disponíveis como costumavam fazer antes de sofrer a paralisia.

Os participantes relataram que a BCI era "intuitiva e divertida de usar" e puderam realizar até 22 seleções por minuto ou escrever até 30 caráteres nesse mesmo tempo usando aplicativos comuns de e-mail e texto.

De acordo com o relatório, um dos participantes afirmou se sentir "mais natural do que quando usava o mouse". Outro, por sua vez, disse ter "mais controle do que quando utilizava o computador anteriormente, na forma normal".

"Foi maravilhoso ver os participantes se expressando ou simplesmente encontrando uma música que queriam ouvir", declarou Henderson.

Além de pesquisadores da Universidade de Stanford, participaram cientistas da Universidade Brown, do Providence VA Medical Center e do Hospital Geral de Massachusetts.