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Presidente do Haiti pede diálogo após protestos contra seu governo

22/11/2018 00h41

Porto Príncipe, 21 nov (EFE).- O presidente do Haiti, Jovenel Moise, reiterou nesta quarta-feira seu chamado ao diálogo e disse que durante seu mandato ninguém vai colocar em perigo os interesses do país, após o grande protesto do domingo passado contra a corrupção e no qual um setor opositor exigiu sua renúncia.

Em mensagem à Nação, Moise, que não fez nenhuma referência à corrupção, disse que o primeiro-ministro, Jean Henry Ceant, tem o poder para dialogar com todos os setores.

O presidente haitiano fez hoje estas declarações após o protesto do domingo passado, convocado para exigir do governo que esclareça o uso supostamente fraudulento que se fez dos fundos do Petrocaribe, e as mobilizações que paralisaram hoje pelo terceiro dia consecutivo a capital haitiana e outras cidades do país.

"O povo haitiano me elegeu como presidente do Haiti, e durante o meu mandato ninguém vai pôr em perigo os interesses do país. Não podemos sair do processo democrático para criar caos", afirmou Moise, do Partido Haitiano Tet Kale (PHTK), que assumiu a presidência em fevereiro de 2017, após vencer o pleito de novembro de 2016.

O presidente haitiano disse ainda que "a democracia pede sacrifícios e que por isto temos que pôr o Haiti na frente de tudo".

"O caminho do diálogo é o que pode conseguir a paz e o desenvolvimento", acrescentou no seu discurso, no qual esteve acompanhado pelo primeiro-ministro e pelo chefe de polícia, Michel Gedeón.

As declarações de Moise chegam após vários dias de silêncio e depois que ontem tivesse sido anunciado que se dirigiria ao país e posteriormente afirmaram que a mensagem seria adiada.

No domingo passado, horas antes do protesto que levou milhares de pessoas às ruas em várias cidades do país, Moise também fez um pedido ao diálogo que foi rejeitado por um setor da oposição, que exige sua renúncia por considerar que é um obstáculo para que se faça justiça no caso do Petrocaribe, programa pelo qual a Venezuela fornece petróleo ao país em condições de pagamento favoráveis.

Horas antes desta mensagem, um dos líderes da oposição, André Michel, declarou hoje à imprensa que "é preciso resolver a crise o mais breve possível com a saída de Jovenel Moise. Nós não vamos sentar com ele para negociar".

Desde o último mês de agosto se multiplicaram os protestos para exigir ao governo que esclareça o uso supostamente fraudulento que se fez dos fundos do Petrocaribe.

No último do domingo passado morreram três pessoas, segundo a polícia, embora os organizadores afirmem que ocorreram pelo menos 11 mortes.

O parlamento haitiano publicou em 2017 um relatório no qual envolve ex-funcionários do partido atualmente no poder em supostas irregularidades no uso do Petrocaribe, mas até agora ninguém foi processado por este caso, no qual foram desviados mais de US$ 2 bilhões, segundo uma investigação do Senado.