Reino Unido decide entre Brexit de May e saída sem acordo
Guillermo Ximenis.
Londres, 23 nov (EFE).- O Reino Unido precisa decidir entre aceitar o acordo do Brexit - elaborado pela primeira-ministra, Theresa May, em conjunto com a União Europeia (UE) e que foi recebido com duras críticas por quase todos os setores políticos - e a opção de se arriscar a abandonar o bloco sem um pacto no dia 29 de março.
A terceira opção, que seria a realização de um segundo referendo, é a preferida de 55% dos britânicos, segundo as mais recentes pesquisas, mas não entra nos planos do Partido Conservador, de May, nem nos do Partido Trabalhista, da oposição.
May já superou múltiplas ameaças à sua liderança após divulgar o texto do acordo do Brexit, mas ainda enfrenta o maior desafio: aprovar o texto no Parlamento britânico.
Dezenas de deputados 'tories' (conservadores) mostraram reservas em declarar apoio, porque, na opinião deles, o Reino Unido continuaria preso às estruturas do bloco até a criação de uma nova relação comercial entre Londres e Bruxelas - o que pode demorar anos - a fim de evitar uma fronteira na Irlanda do Norte.
O norte-irlandês Partido Democrático Unionista (DUP), cujos dez deputados são fundamentais para a maioria parlamentar de May, também não aprova os termos estipulados, por isso ameaça votar contra ou se abster.
Para a primeira-ministra conseguir a maioria na Câmara dos Comuns antes do recesso de Natal, precisa convencer um número suficiente de deputados, inclusive alguns da oposição, de que derrubar o seu acordo possivelmente levará o país a uma saída abrupta e uma catástrofe econômica.
May ainda tenta conseguir alguma concessão adicional de Bruxelas antes da cúpula do próximo domingo, de modo a agradar o setor mais anti-UE de seu partido. Desde a semana passada, a primeira-ministra iniciou uma campanha em várias frentes para tentar obter apoio ao plano.
Em diversas entrevistas e artigos na imprensa britânica, a governante ressaltou a mensagem de que o atual acordo colocará um freio na imigração de países da União Europeia, um dos principais argumentos que mobilizou 51,9% dos britânicos a votarem a favor do Brexit em junho de 2016.
May também recorreu aos principais representantes empresariais do país para que defendam o plano diante do possível caos gerado por uma saída abrupta.
Uma pesquisa com 800 diretores elaborada pelo Institute of Directors concluiu que 75% deles pensa que é "extremamente importante" apoiar o tratado de saída proposto pelo governo.
Mesmo assim, em Londres ainda há a preocupação de que as empresas britânicas de serviços financeiros e seguradoras possam perder o acesso privilegiado ao mercado único com o acordo.
A oposição também criticou que o texto não garante que o Reino Unido manterá os atuais padrões europeus quanto aos direitos trabalhistas e ambientais uma vez terminado o período de transição, previsto até dezembro de 2020.
A discordância em relação ao tratado de saída levou o Partido Trabalhista a adiantar que votará contra na Câmara dos Comuns e deixou aberta a possibilidade de convocar uma moção de censura contra May se a casa rejeitar o texto.
O principal objetivo do partido é a convocação de eleições gerais antecipadas, tanto se a primeira-ministra renunciar após perder a votação no Parlamento como se cair com uma moção parlamentar.
Embora mantenha as portas abertas para um segundo referendo caso não prospere o plano das eleições, a cúpula do partido tem rejeitado respaldar de forma explícita essa opção, sempre ressaltando a necessidade de "respeitar" o resultado da consulta feita há dois anos.
Segundo dados do instituto de pesquisa YouGov, 35% dos eleitores trabalhistas optaram pelo Brexit, contra 65% que preferiam continuar na UE, e o partido tratou de manter um equilíbrio entre ambas as posições.
O peso da campanha favorável a um novo referendo se deve muito ao People's Vote, movimento que conta com o apoio de deputados de diversas legendas e que em outubro levou cerca de 700 mil pessoas às ruas em Londres para pedirem outra consulta popular.
Londres, 23 nov (EFE).- O Reino Unido precisa decidir entre aceitar o acordo do Brexit - elaborado pela primeira-ministra, Theresa May, em conjunto com a União Europeia (UE) e que foi recebido com duras críticas por quase todos os setores políticos - e a opção de se arriscar a abandonar o bloco sem um pacto no dia 29 de março.
A terceira opção, que seria a realização de um segundo referendo, é a preferida de 55% dos britânicos, segundo as mais recentes pesquisas, mas não entra nos planos do Partido Conservador, de May, nem nos do Partido Trabalhista, da oposição.
May já superou múltiplas ameaças à sua liderança após divulgar o texto do acordo do Brexit, mas ainda enfrenta o maior desafio: aprovar o texto no Parlamento britânico.
Dezenas de deputados 'tories' (conservadores) mostraram reservas em declarar apoio, porque, na opinião deles, o Reino Unido continuaria preso às estruturas do bloco até a criação de uma nova relação comercial entre Londres e Bruxelas - o que pode demorar anos - a fim de evitar uma fronteira na Irlanda do Norte.
O norte-irlandês Partido Democrático Unionista (DUP), cujos dez deputados são fundamentais para a maioria parlamentar de May, também não aprova os termos estipulados, por isso ameaça votar contra ou se abster.
Para a primeira-ministra conseguir a maioria na Câmara dos Comuns antes do recesso de Natal, precisa convencer um número suficiente de deputados, inclusive alguns da oposição, de que derrubar o seu acordo possivelmente levará o país a uma saída abrupta e uma catástrofe econômica.
May ainda tenta conseguir alguma concessão adicional de Bruxelas antes da cúpula do próximo domingo, de modo a agradar o setor mais anti-UE de seu partido. Desde a semana passada, a primeira-ministra iniciou uma campanha em várias frentes para tentar obter apoio ao plano.
Em diversas entrevistas e artigos na imprensa britânica, a governante ressaltou a mensagem de que o atual acordo colocará um freio na imigração de países da União Europeia, um dos principais argumentos que mobilizou 51,9% dos britânicos a votarem a favor do Brexit em junho de 2016.
May também recorreu aos principais representantes empresariais do país para que defendam o plano diante do possível caos gerado por uma saída abrupta.
Uma pesquisa com 800 diretores elaborada pelo Institute of Directors concluiu que 75% deles pensa que é "extremamente importante" apoiar o tratado de saída proposto pelo governo.
Mesmo assim, em Londres ainda há a preocupação de que as empresas britânicas de serviços financeiros e seguradoras possam perder o acesso privilegiado ao mercado único com o acordo.
A oposição também criticou que o texto não garante que o Reino Unido manterá os atuais padrões europeus quanto aos direitos trabalhistas e ambientais uma vez terminado o período de transição, previsto até dezembro de 2020.
A discordância em relação ao tratado de saída levou o Partido Trabalhista a adiantar que votará contra na Câmara dos Comuns e deixou aberta a possibilidade de convocar uma moção de censura contra May se a casa rejeitar o texto.
O principal objetivo do partido é a convocação de eleições gerais antecipadas, tanto se a primeira-ministra renunciar após perder a votação no Parlamento como se cair com uma moção parlamentar.
Embora mantenha as portas abertas para um segundo referendo caso não prospere o plano das eleições, a cúpula do partido tem rejeitado respaldar de forma explícita essa opção, sempre ressaltando a necessidade de "respeitar" o resultado da consulta feita há dois anos.
Segundo dados do instituto de pesquisa YouGov, 35% dos eleitores trabalhistas optaram pelo Brexit, contra 65% que preferiam continuar na UE, e o partido tratou de manter um equilíbrio entre ambas as posições.
O peso da campanha favorável a um novo referendo se deve muito ao People's Vote, movimento que conta com o apoio de deputados de diversas legendas e que em outubro levou cerca de 700 mil pessoas às ruas em Londres para pedirem outra consulta popular.
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