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Turquia diz que Trump "fecha os olhos" para assassinato de Khashoggi

23/11/2018 10h41

Istambul, 23 nov (EFE).- O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavusoglu, afirmou nesta sexta-feira que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "fecha os olhos" para o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi.

"Em sua declaração Trump disse: 'Aconteça o que acontecer, vamos fechar os olhos'. Mas nem tudo é dinheiro. Não devemos nos distanciar dos valores humanos", afirmou o ministro em entrevista concedida à emissora "CNNTürk".

Çavusoglu se referia às últimas declarações do presidente americano, nas quais garantiu que a Arábia Saudita é um "forte aliado" de seu país, apesar do caso Khashoggi e que ainda não está claro o envolvimento do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman no assassinato do repórter no dia 2 de outubro no consulado saudita de Istambul.

"Se você prestar atenção, nunca utilizamos nenhum nome nas nossas descrições. O nosso presidente disse de boa-fé: 'Não creio que o rei Salman tenha dado as instruções'. Não sei porque Trump disse 'pode ser que sim ou que não' (em referência bin Salman)", afirmou o ministro turco, cujo governo mantém há semanas pressão sobre a Arábia Saudita com novas revelações do caso.

Çavusoglu criticou mais uma vez as autoridades sauditas por interferirem na apuração dos fatos e pediu uma investigação internacional.

"Já que a Arábia Saudita não nos dá informação, uma investigação internacional poderia ser melhor", comentou o ministro turco.

Por outro lado, Çavusoglu se perguntou se existe a suposta gravação que a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA, na sigla em inglês) que indica o envolvimento direto do príncipe herdeiro saudita.

"Eles têm uma gravação de voz ou não? A parte americana não a compartilhou conosco", afirmou Çavusoglu.

Por outro lado, o ministro informou da possibilidade que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, se reúna com o príncipe herdeiro saudita durante a cúpula do G20 que será realizada em Buenos Aires no fim do mês.

"Não vemos inconvenientes em um encontro com o príncipe herdeiro", declarou Çavusoglu.