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Clérigo que liderou protestos contra cristã Asia Bibi é detido no Paquistão

24/11/2018 04h45

Islamabad, 24 nov (EFE).- O governo do Paquistão anunciou neste sábado a detenção do dirigente islamita que liderou os protestos contra a absolvição da cristã Asia Bibi do crime de blasfêmia, pelo qual tinha sido condenada à pena de morte.

"Khadim Hussain Rizvi está sob custódia da polícia e foi levado a uma casa de hóspedes", informou o ministro de Informação paquistanês, Fawad Chaudhry, em sua conta do Twitter.

O ministro indicou que o partido de Rizvi, o Tehreek-e-Labbaik Pakistan (TLP), insistiu em realizar um protesto em Rawalpindi, cidade vizinha a Islamabad, e que rejeitou outras alternativas para essa manifestação oferecida pelo governo.

A detenção foi efetuada "para salvaguardar a vida pública, as propriedades e a ordem e não tem nada a ver com a Asia Bibi", garantiu Chaudhry.

Por sua vez, o líder do TLP, Afzal Qadri, afirmou que a polícia deteve vários membros do seu partido em todo o país e convocou novos protestos, segundo a imprensa local.

No final de outubro e início de novembro, o TLP quase paralisou o país quando o Tribunal Supremo revogou a condenação de Bibi, imposta em primeira instância em 2010 e ratificada quatro anos mais tarde pelo Tribunal Superior de Lahore, e ordenou a sua libertação.

Os protestos duraram até que o governo do primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, chegou a um acordo com o TLP no qual se comprometeu a permitir que os islamitas solicitassem na Justiça a proibição de saída do país de Asia Bibi enquanto o Supremo estuda um recurso contra sua absolvição.

Bibi foi liberada da prisão no dia 7 de novembro e transferida a um lugar "seguro", segundo o governo, que afirmou que ela não poderá sair do Paquistão até que o Supremo analise o recurso contra a sua absolvição.

O TLP foi fundado em 2016 após a execução de Mumtaz Qadri, condenado por assassinar o antigo governador da província de Punjab, Salman Tasir, em 2011, precisamente por defender Bibi.

A dura lei antiblasfêmia paquistanesa foi estabelecida na época colonial britânica para evitar confrontos religiosos, mas nos anos 80 várias reformas promovidas pelo ditador Zia ul Haq favoreceram o abuso desta norma.