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Irã pede para UE, China e Rússia salvarem acordo nuclear após saída dos EUA

26/11/2018 15h28

Bruxelas, 26 nov (EFE).- O vice-presidente do Irã e responsável pelo programa nuclear do país, Ali Akbar Salehi, pediu nesta segunda-feira para que União Europeia, China e Rússia façam o possível para manter vivo o acordo nuclear, após a saída dos Estados Unidos, e alertou para o possível risco de fracasso do pacto.

Salehi, que compareceu a um seminário sobre a cooperação internacional nuclear em Bruxelas, agradeceu à UE em entrevista coletiva pelos esforços e a firmeza com a qual defendeu o acordo e pediu para que, junto com China e Rússia, protejam o combinado.

"Não podemos nos permitir perder esta batalha", comentou em alusão ao acordo pelo qual o Irã desistiu do seu programa militar nuclear em troca da suspensão de sanções. O pacto foi assinado em 2015 junto com os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) e a Alemanha.

Os Estados Unidos anunciaram a saída do acordo em maio deste ano e, entre os meses de agosto e novembro, voltaram a aplicar sanções contra o Irã.

O vice-presidente iraniano disse esperar que a comunidade internacional trate de manter "intacto" esse acordo, que embora "talvez não seja o mais desejado" pelos participantes da negociação é "o único possível diante das atuais circunstâncias".

"Se o acordo for quebrado, ninguém se beneficiará disso, nem o Irã, nem a UE e nem a comunidade internacional", advertiu Salehi, que alertou que um fracasso pode alterar a segurança internacional.

Segundo Salehi, o Irã têm ciência que a UE está fazendo o possível para "cumprir com as suas promessas" de garantir as relações comerciais bilaterais, apesar das dificuldades criadas pelas sanções americanas.

Em agosto, a UE aprovou uma série de medidas para limitar o impacto dessas sanções sobre as empresas europeias, abrindo a elas a porta para reivindicar compensações por danos e prejuízos.

As empresas da UE poderão denunciar não só os Estados Unidos pelos prejuízos que possam ser causados pelas sanções, mas também empresas americanas ou europeias que decidam romper unilateralmente um contrato como consequência das imposições de Washington.

Caso queiram abandonar as atividades no Irã, as empresas europeias terão que pedir uma autorização expressa à Comissão Europeia, que poderá fazer exceções apenas se as companhias conseguirem provar que as sanções dos EUA entorpecem a atividade.

Deste modo, a UE tenta conservar os seus canais financeiros com o Irã e assegurar a exportação de gás e petróleo iranianos.

"Pelo que que sei, a UE está fazendo o que pode e estabeleceu um mecanismo que facilitaria as transações bancárias. Espero que estas palavras se concretizem em fatos, esperamos que antes que acabe o tempo tenha funcionado para que o acordo siga intacto", acrescentou Salehi.

O comissário europeu de Ação pelo Clima, Miguel Arias Cañete, destacou no seminário que o acordo com o Irã é "um elemento chave e crucial" para a segurança da Europa.

"A UE segue plenamente comprometida com a plena aplicação do acordo enquanto o Irã cumpra com os seus compromissos, como está fazendo", disse o espanhol.