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Irmão do herdeiro japonês questiona que Estado custeie ritos de coroação

30/11/2018 07h04

Tóquio, 30 nov (EFE).- O príncipe japonês Akishino questionou o uso de fundos públicos para financiar ritos religiosos relacionados com a coroação do seu irmão Naruhito previstos para o próximo ano, uma vez que se formalize a abdicação do imperador Akihito.

"O uso de dinheiro estatal para um evento que terá um forte tom religioso gera muitas questões", disse Akishino em declarações à imprensa por ocasião da celebração do seu aniversário de 53 anos.

O irmão do próximo imperador e segundo na linha sucessória ao Trono de Crisântemo se uniu assim às vozes críticas que se pronunciaram contra o fato de o Estado custear os ritos xintoístas em torno da entronização, devido ao princípio constitucional de separação de Estado e práticas religiosas.

O filho mais novo do imperador afirmou que colocou esta questão em várias ocasiões à Agência da Casa Imperial, mas que este órgão encarregado de tramitar todos os assuntos relacionados com a monarquia japonesa "não teve nenhuma intenção de escutar sua opinião".

A previsão é que Akihito deixe o trono no próximo dia 30 de abril e que Naruhito lhe suceda no dia seguinte, mas a cerimônia oficial de sua coroação só será realizada em 22 de outubro, em um ato no Palácio Imperial de Tóquio com a presença de milhares de convidados e delegações de todo o mundo.

Além disso, em novembro será realizado outro ritual privado conhecido como Daijosai, uma milenar cerimônia xintoísta na qual o novo imperador realizará suas primeiras oferendas do arroz colhido esse ano.

O governo confirmou hoje que financiará todas estas cerimônias com fundos públicos destinados às atividades da família imperial, da mesma forma que se fez em 1990 com os rituais relacionados com a coroação de Akihito, segundo disse o chefe de gabinete do Executivo, Yasutoshi Nishimura.

A abdicação de Akihito, de 84 anos, será a primeira de um monarca em dois séculos no Japão, e para que aconteça foi necessária uma complicada reforma da legislação, já que a constituição japonesa não contempla a sucessão em vida de um ocupante do Trono de Crisântemo.

Todas as cerimônias em torno da entronização de Naruhito incluirão simbologia e liturgia próprias do xintoísmo, a religião que explica as origens da família imperial e que habitualmente é considerada parte da cultura e da tradição nacional mais que uma prática religiosa.