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Macri pede que G20 atue com "mesma urgência" que durante crise de 2008

30/11/2018 15h41

(Atualiza com mais declarações de Macri).

Buenos Aires, 30 nov (EFE).- O presidente da Argentina, Mauricio Macri, pediu nesta sexta-feira aos líderes do G20 que atuem "com o mesmo sentido de urgência que em 2008", quando o grupo começou a realizar suas cúpulas no meio da grave crise financeira global, ao considerar que surgiram "tensões" nos últimos anos e é preciso "promover o diálogo".

"Promover o diálogo que respeite as diferenças e impulsione ações baseadas em interesses compartilhados", afirmou Macri diante dos presidentes do G20, entre eles Donald Trump (Estados Unidos), Vladimir Putin (Rússia) e Xi Jinping (China).

"Nestes anos, as mudanças e as circunstâncias sociais, políticas e econômicas em nível global e em nossos países geraram um questionamento sobre os mecanismos multilaterais contemporâneos, incluído o G20, e emergiram tensões entre nossos países sobre a visão de como encarar individualmente as oportunidades e os desafios globais", afirmou Macri.

Durante dois dias, os líderes das 20 principais economias desenvolvidas e emergentes do mundo debaterão sobre os temas mais relevantes da agenda global, em um momento de fortes tensões comerciais entre os Estados Unidos e potências como China e União Europeia, e por choques diplomáticos cruciais como o que envolve Rússia e Ucrânia.

No centro de convenções Costa Salguero em Buenos Aires, Macri fez o discurso de abertura da cúpula deste ano dos chefes de Estado e de governo do grupo de países mais desenvolvidos e emergentes, que também inclui líderes de Estados convidados e altos representantes de organizações internacionais.

"No G20 mais ao sul já organizado - o primeiro na América do Sul - convido-os para que possamos dar uma mensagem clara ao mundo que aqui juntos podemos estabelecer um horizonte de desenvolvimento, com responsabilidades compartilhadas, um forte compromisso com igualdade de gênero e unidos na diversidade", afirmou o anfitrião.

Macri ressaltou que passaram 10 anos desde que os presidentes do G20 se reuniram pela primeira vez em Washington, "com o espírito de criar este mecanismo e espaço de diálogo que permitiu, naquele momento, evitar o agravamento da crise financeira internacional".

"Quero pedir que atuemos com o mesmo sentido de urgência que em 2008", em um "mundo diverso e com múltiplos protagonistas com suas próprias histórias e culturas" e com uma "essência" do G20 de promover diálogo.

"Aqui, nós lideres nos vemos frente a frente, falamos com franqueza, ratificamos coincidências e administramos desacordos. Isto é algo que vem acontecendo ano após ano há uma década", reconheceu o presidente argentino.

Nesse sentido, Macri se disse confiante de que, neste dia e meio de trabalho, os líderes consigam "criar as bases para os consensos dos próximos dez anos".

"Todos somos testemunhas das mudanças profundas que as nossas sociedades estão vivendo, que se aceleram e aprofundam", ressaltou o líder argentino, que também reconheceu que "muita gente" olha com dúvidas sobre "para que servem estas cúpulas".

"Nós temos a obrigação de mostrar ao mundo que desafios globais requerem soluções globais", enfatizou Macri.

Com problemas como o futuro de trabalho e o estado do clima, o chefe de Estado argentino pediu que os líderes mundiais trabalhem "juntos" para "aproveitar os mecanismos" que já existem e debater outros que sejam necessários.

"A solução é dialogar, dialogar e dialogar. Esta é a forma de empurrar os limites do possível, entendendo que cada país tem suas preferências, valores e interesses, mas todos coincidem em algo, promover o desenvolvimento sustentável", ressaltou o anfitrião.

Quase no fim de seu discurso, o político argentino afirmou que seu país assumiu a responsabilidade de presidir o G20 este ano ao considerar que pode oferecer uma contribuição para a cooperação internacional, o multilateralismo e a governança global.

Entre os temas que serão tratados nas reuniões, que ocorrerão a portas fechadas, e a fim de conseguir um "desenvolvimento sustentável e equitativo", estarão o futuro do trabalho, a infraestrutura para o desenvolvimento, o futuro sustentável dos alimentos, a estabilidade financeira, a sustentabilidade climática e o comércio internacional.

Ao concluir seu discurso, Macri evocou Nelson Mandela e pediu que os líderes mundiais seguissem sua premissa de conseguir acabar com a pobreza "até 2030".