Topo

Morre a veterana ativista russa de direitos humanos Lyudmila Alexeyeva

08/12/2018 18h03

Moscou, 8 dez (EFE).- A defensora de direitos humanos mais veterana da Rússia e ex-dissidente soviética, Lyudmila Alexeyeva, morreu neste sábado aos 91 anos em Moscou, informou o Conselho Presidencial da Rússia para Sociedade Civil e Direitos Humanos.

"A ativista de direitos humanos de mais idade da Rússia, Lyudmila Alexeyeva, membro do Conselho Presidencial da Rússia para Sociedade Civil e Direitos Humanos e responsável do Grupo de Helsinque de Moscou, morreu em Moscou aos 91 anos", afirmou a instituição em comunicado.

O presidente do Conselho, Mikhail Fedotov, afirmou que a defensora de direitos humanos morreu em um hospital moscovita depois de ter permanecido internada nesse centro durante as últimas semanas.

"Os médicos fizeram tudo o que puderam para proporcionar-lhe um tratamento e um atendimento apropriados, mas infelizmente seu coração não pôde resistir mais", disse Fedotov à agência "Interfax".

"É uma perda terrível, não só para o Conselho, mas para toda a comunidade dos direitos humanos. É uma perda absolutamente irreparável. Todo mundo que ama Lyudmila dará continuidade à sua causa", ressaltou Fedotov.

Ao saber da notícia da morte da ativista, a defensora pública russa, Tatiana Moskalkova, disse que Alexeyeva sempre será um símbolo da luta pelos direitos humanos e pela justiça.

Alexeyeva foi uma destacada dissidente soviética e um dos membros fundadores do Grupo de Helsinque de Moscou, criado para supervisionar o cumprimento da União Soviética dos Acordos de Helsinque de 1975.

Na Ata Final de Helsinque ou Declaração de Helsinque, 35 estados assinaram um documento no qual se comprometiam a melhorar as relações entre o Ocidente e os países comunistas.

Ganhadora em 2009 do prêmio Sakharov junto a outros ativistas russos, foi indicada em duas ocasiões (2012 e 2013) ao Nobel da Paz e reconhecida em 2015 com o prêmio Vaclav Havel de Direitos Humanos.

A ativista escreveu vários pedidos em defesa dos presos políticos e em protesto contra a invasão soviética da Tchecoslováquia (1968), o que lhe custou a expulsão do partido.

Na ocasião, expressou seu desacordo com a imperialista doutrina de "soberania limitada" aplicada por Moscou em relação aos países que naquele tempo eram membros do Pacto de Varsóvia.

Diante da ameaça de detenção, teve que emigrar em 1977 aos Estados Unidos, de onde retornou em 1993, dois anos depois da dissolução da União Soviética.

Em entrevista à Agência Efe em 2015, um ano depois da anexação da península ucraniana da Crimeia, Alexeyeva considerou que a Rússia não será uma democracia até que supere "a síndrome imperial".

Alexeyeva, que nasceu em 20 de julho de 1927 justamente na Crimeia, disse nessa entrevista que considerava asfixiante a involução democrática vivida desde o retorno de Vladimir Putin ao Kremlin em 2012 e a perseguição das organizações não-governamentais classificadas de "agentes estrangeiros".

Por sua parte, Putin expressou suas condolências pela morte da veterana ativista, de quem disse apreciar sua contribuição à sociedade civil e sua defesa dos seus princípios.